Arthur Lira (PP-AL) é o parlamentar mais poderoso do país. Quando conquistou o comando da Câmara pela primeira vez, ele era o candidato do então presidente Jair Bolsonaro, liderava uma base disposta a aderir ao governo do capitão e recebeu 305 votos, ante 145 de seu principal oponente, Baleia Rossi, que se apresentava como independente. Vitorioso, Lira atuou em sintonia com Bolsonaro e tratorou a oposição quando considerou necessário. Sua associação com o bolsonarismo era incontroversa.
A situação é diferente agora. O deputado conquistou a reeleição com um recorde de 464 votos, sendo aclamado por lulistas e bolsonaristas. Foi um nome de consenso, o que, segundo um dos políticos mais calejados do país, pode obrigá-lo a ter uma postura de magistrado à frente da Casa. Isso não significa que Lira deixará de eventualmente bater de frente com o governo Lula, mas que poderá fazer isso de outra forma, menos ostensiva, mas também eficiente.
Está em negociação a formação de uma frente parlamentar para unir o PP, partido de Lira, o União Brasil e o Avante. Se der certo, reunirá 115 deputados e funcionará como fiel da balança nas votações da Câmara. Se o grupo será governista ou oposicionista, dependerá da vontade de Lula de negociar certas pendências. Uma coisa é certa: Lira estará à frente das tratativas e contará com uma bancada particular para conseguir o que quer.