A deputada federal Lídice da Mata (PSB) recebeu a mais alta honraria da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), a Comenda 2 de Julho, em uma concorrida sessão especial realizada na tarde desta quinta-feira (19), no Plenário Orlando Spínola. A homenagem foi proposta pela deputada Fabíola Mansur (PSB).
A sessão, conduzida pelo presidente da Casa, deputado Nelson Leal (PP), e teve na mesa, além da deputada proponente da honraria e da homenageada, a secretária estadual de Política para Mulheres, Juliete Palmeira, que representou o governador Rui Costa; a procuradora de Justiça Márcia Regina dos Santos Virgens, que representou a procuradora-geral de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), Ediene Santos Lousado; o deputado federal Marcelo Nilo (PSB); o defensor público geral Rafson Saraiva Ximenes; o vice-reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Paulo Miguez; o ex-deputado federal e ex-secretário de Turismo, Domingos Leonelli; a coordenadora de proteção dos direitos da criança e do adolescente, Iara Farias, irmã da homenageada; a consulesa-geral de Cuba, Milena Zaldivar; a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho; a advogada e professora da Ufba, Cristiana Santos; Alberto Pita, representante do Cortejo Afro; o cantor Adelmário Coelho; João Jorge, do Olodum; a prefeita de Ubaitaba, Suka Carneiro; e o ex-deputado federal Bebeto Galvão (PSB).
Aplaudida por todos, Lídice da Mata adentrou ao plenário ao som do Cortejo Afro e foi acompanhada dos deputados Aderbal Caldas (PP), Júnior Muniz (PP), Jurandy Oliveira (PP), Marcelo Veiga (PSB) e Marquinho Viana (PSB).
Para Nelson Leal, que conviveu com a homenageada quando a socialista ainda era deputada estadual no Parlamento da Bahia, Fabíola Mansur tem histórico de acertar nas escolhas dos homenageados, mas “se superou” ao dirigir a honraria à ex-senadora. “Lídice reúne todas as qualidades necessárias para ser colocada como uma pessoa de exemplo na política. Sempre teve muita seriedade e cuidado com a coisa pública”, frisou o presidente, que leu mensagens enviadas por personalidades que foram convidadas, mas não puderam estar presentes por compromissos previamente firmados: as deputadas Ivana Bastos (PSD), Olívia Santana (PC do B) e Maria del Carmen (PT), o presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, o vereador de Salvador pelo PSB, Sílvio Humberto, e Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB.
Na tribuna do plenário, a deputada Fabíola Mansur enalteceu a história da correligionária, que já exerceu funções públicas como vereadora de Salvador, deputada estadual, deputada federal, prefeita de Salvador e senadora da República. “A Comenda 2 de Julho que este Legislativo concordou em conceder a Lídice da Mata significa mais que uma justa homenagem a uma ex-deputada estadual que honrou seus mandatos nessa Casa. Na verdade, é um reconhecimento da Assembleia à mulher que mais longe foi na política baiana em todos os tempos”, frisou.
Fabíola também chamou a atenção para as bandeiras com as quais Lídice sempre se engajou. “Em todos os seus mandatos, manteve a dimensão humana de sua personalidade e se coloca politicamente a serviço das crianças, da mulher, dos trabalhadores, dos jovens, dos negros, da comunidade LGBT e do povo de santo da Bahia”, listou a parlamentar.
Ao relembrar o período em que Lídice administrou a capital baiana, Fabíola Mansur mencionou programas e avanços conquistados na ocasião. “Cada realização de sua gestão significou uma vitória conquistada a ferro e fogo. E foi em meio aos ataques de toda ordem, políticos, pessoais e financeiros, que se criou o maior programa de assistência social da história de Salvador: o Programa Cidade Mãe. Através da fundação que leva o mesmo nome, a prefeitura foi capaz de dar dignidade e um futuro melhor aos jovens da época”, recordou a proponente da homenagem.
Lídice da Mata recebeu a Comenda 2 de Julho das mãos dos netos Raul e Isabel, das irmãs Iara e Nanci, e do irmão Henrique. Emocionada, a deputada federal agradeceu a honraria. “Como baiana nascida em Cachoeira e acolhida por Salvador, vejo na Comenda 2 de Julho um fortíssimo simbolismo que deu e continua dando significado à trajetória libertária do povo baiano. E que vem inspirando as minhas lutas políticas pela liberdade, pela igualdade e pelo socialismo”, disse.
Em seu discurso, enalteceu a luta que culminou na independência do Brasil na Bahia e também citou outras batalhas que ocorreram no Estado encampadas por escravos, homens negros livres, mestiços e brancos. A deputada listou a Federação dos Guanais, em 1832; a Revolta dos Malês, em 1835; e a Sabinada, em 1837. “Foram as mais importantes entre as centenas de rebeliões que aconteceram na Bahia ao longo do período imperial mesmo depois de proclamada a República, como foi o caso de Canudos e a Revolta da Chibata”, afirmou, resgatando a história para o grande público presente.
Lídice da Mata, ainda tratando da importância da comenda recebida, lembrou que o espírito libertário e igualitário do histórico 2 de Julho “mantêm-se no único desfile cívico do Brasil que tem como símbolos máximos, não um herói militar, mas os heróis anônimos dos combatentes populares simbolizados nas figuras do Caboclo e da Cabocla”.
“Hoje, além de lutar em defesa do Estado democrático de direito e das liberdades individuais, ameaçadas por forças autoritárias e obscurantistas que assumiram o poder nas últimas eleições, temos o compromisso de combater os problemas que fizeram do Brasil um dos países mais desiguais do mundo. E a desigualdade no Brasil tem como uma das suas principais causas a exclusão e a marginalização das populações indígenas e afrodescendentes brasileiras”, enfatizou.