quinta-feira 21 de novembro de 2024
Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
Home / POLÍTICA / Líderes do Senado defendem ‘limite’ contra ameaças de Bolsonaro
sexta-feira 29 de maio de 2020 às 13:28h

Líderes do Senado defendem ‘limite’ contra ameaças de Bolsonaro

POLÍTICA


Líderes partidários do Senado defenderam nesta última quinta-feira (28) o estabelecimento de um “limite”, pelo Congresso, para buscar conciliação com o Poder Executivo. Segundo os senadores, o presidente da República, Jair Bolsonaro, não tem respeitado as tentativas de aproximação entre os poderes da República e, por isso, o Legislativo precisa subir o tom.

As declarações vêm no contexto do embate entre o Executivo e o Judiciário a respeito de inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra ataques virtuais direcionados a ministros da corte. Na quarta-feira (28), empresários e comunicadores ligados ao governo federal foram alvos de mandados de busca e apreensão, e parlamentares da base do governo foram intimados a prestar depoimento.

Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), seu filho, reagiram à ação com críticas pesadas ao STF. Na manhã de quinta, o presidente afirmou que as ordens “absurdas” do tribunal não deveriam ser cumpridas. Já Eduardo, num canal de rede social, afirmou que uma “ruptura” institucional seria questão de tempo.

“Confronto permanente”

O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) foi o primeiro a falar sobre a necessidade de se estabelecer um “limite” para as relações cordiais com o Executivo. Ele afirmou que o Congresso tem feito todo o possível para pacificar a crise, mas não pode continuar fazendo esses esforços sozinho.

— Nós estamos assistindo a um confronto permanente, e não queremos que isso prospere. Se o Congresso colabora, cabe aos outros poderes a mesma compreensão. É preciso que se estabeleça um prazo. Nós não podemos ficar indefinidamente pedindo o entendimento.

Alvaro Dias disse que a postura beligerante dos membros do governo impede a ação positiva em conjunto com as demais instituições. Por isso, avalia, o país não tem projeto estratégico para combater a pandemia da covid-19 ou para empreender a sua recuperação econômica.

— Podemos criticar esse ou aquele integrante de quaisquer dos poderes, mas não podemos agredir as instituições. Nós somos passageiros, somos substituíveis. Essas instituições — Supremo Tribunal Federal, Congresso Nacional e o próprio Poder Executivo — são essenciais ao Estado Democrático de Direito.

“Fator de desestabilização”

Para o líder da oposição, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o presidente da República, Jair Bolsonaro, é “o principal fator de desestabilização do país”. Randolfe elogiou o trabalho de bastidores do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, mas lamentou que Bolsonaro não corresponda a essa disposição, e concordou que será preciso tomar atitudes diferentes.

— Há um momento em que nós teremos que não somente chamar à conciliação. O senhor [Davi] tem se esforçado, tem dialogado de todas as formas, mas o presidente, de segunda a sexta, fica fazendo política em cima de cadáveres. Em algum momento, tem que ser dito que ele não pode avançar mais.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) classificou as palavras de Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro como “ameaças inaceitáveis”. Ele pediu uma “concertação” entre o Congresso, o Judiciário, as Forças Armadas e os ex-presidentes da República para organizar uma resposta à altura e manter um estado de prontidão.

— Até quando nós vamos aceitar passivamente esse tipo de provocação? Até se materializar a intervenção, a ação truculenta para fechar o Congresso e o STF? É neste momento que nós vamos nos posicionar? — criticou.

‘Reação enérgica”

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) também expressou preocupação com a hesitação do Congresso em apresentar uma reação enérgica às atitudes do presidente. Ela enumerou as medidas imediatas que os parlamentares poderiam tomar e alertou para as consequências negativas de uma “letargia”.

— Nós temos pedidos de CPIs, nós temos [projetos de] leis que endurecem mais as penas em relação a crimes, como, por exemplo, a questão das fake news. É muito fundamental que a gente coloque esses temas na ordem do dia. Não dá para ficar só fazendo discurso. Ou vamos agir ou teremos simplesmente que acompanhar lá na frente — e eu espero que isso não aconteça — um golpe de Estado.

“Bravatas”

O senador Major Olimpio (PSL-SP) também criticou as manifestações de Bolsonaro, mas disse entender que elas são apenas “bravatas”, e que o Congresso deveria continuar fazendo “a sua parte”. Olimpio também exortou o Senado a não “descer ao nível” do presidente da República.

— Sabem o que significa isso? Absolutamente nada. Amanhã o presidente nem vai se lembrar do que disse hoje. É da sua natureza viver em completo confronto. Vamos cuidar do país.

Por sua vez, o líder do governo, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), minimizou as declarações de Bolsonaro. Para ele, os momentos de exaltação fazem parte do “jeito” do presidente, mas o seu compromisso real é com a harmonia entre os poderes.

— O presidente tem a sua personalidade, a sua forma de agir que não vai ser mudada. É importante reconhecer que ele tem sido solidário e tem apoiado todas as iniciativas do Congresso. Quero acreditar nas reiteradas manifestações que ele tem feito em respeito à ordem democrática.

Exemplo

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, avaliou que o Senado está dando “um grande exemplo” de como superar divergências políticas com as suas votações e os seus acordos para o avanço de projetos importantes.  Ele disse enxergar um momento de “esgarçamento” nas relações institucionais, mas ponderou que o papel do Congresso é continuar fazendo esforços de conciliação.

“Estive hoje com o presidente, oportunidade em que, como sempre faço, exaltei a importância da harmonia entre os poderes. O Congresso atua em prol do Brasil, como intermediário na construção da paz, e em favor dos brasileiros, nesta quadra difícil da história nacional”, tuitou o presidente no início da noite.

Veja também

Débora Regis está na Europa conhecendo projetos para implantar em Lauro de Freitas

Os prefeitos das 14 cidades acima de 200 mil habitantes eleitos pelo União Brasil estão …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!