O líder supremo do Irã prometeu nesta quinta-feira (27) retaliar contra aqueles que ameaçam a segurança do país após o massacre de peregrinos xiitas, em ataque reivindicado pelo Estado Islâmico que ameaça inflamar as tensões em meio a protestos antigovernamentais generalizados.
Em um comunicado lido na TV estatal, o aiatolá Ali Khamenei disse que os agressores “certamente serão punidos” e pediu aos iranianos que se unam.
“Todos nós temos o dever de lidar com o inimigo e seus agentes traidores ou ignorantes”, declarou Khamenei um dia após o ataque matar 15 pessoas.
O pedido de unidade de Khamenei parecia ser dirigido principalmente a partidários do governo e não a manifestantes cujo movimento de quase seis semanas é visto pelas autoridades como uma ameaça à segurança nacional.
Os governantes clericais do Irã enfrentam manifestações em todo o país desde a morte sob custódia policial de Mahsa Amini, uma mulher curda de 22 anos, em 16 de setembro.
Autoridades iranianas disseram que prenderam um atirador que realizou o ataque no santuário Shah Cheragh, na cidade de Shiraz. A mídia estatal culpou os “terroristas takfiri” – um rótulo que Teerã usa para militantes muçulmanos sunitas radicais, como o Estado Islâmico.
O Estado Islâmico, que já representou uma ameaça à segurança em todo o Oriente Médio, reivindicou violência anterior no Irã, incluindo ataques mortais em 2017 que atingiram o Parlamento e o túmulo do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini.
O assassinato de peregrinos xiitas na quarta-feira ocorreu no mesmo dia em que as forças de segurança iranianas entraram em confronto com manifestantes cada vez mais estridentes, marcando 40 dias desde a morte de Amini.
As manifestações se tornaram um dos maiores desafios à liderança clerical desde a revolução de 1979, atraindo muitos iranianos às ruas, com alguns pedindo a queda da República Islâmica e a morte do líder supremo Khamenei.
O grupo de direitos humanos Hengaw disse que dois jovens foram mortos a tiros pela polícia durante protestos em Sanandaj, capital da província do Curdistão, e na cidade de Mahabad, no noroeste, durante manifestações em todo o Irã na quarta-feira. A Reuters não pôde verificar o relato.