Líder histórico do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stedile adotou segundo Fábio Zanini, da coluna Painel, tom conciliador com relação ao governo Lula em sua mensagem de fim de ano aos militantes do movimento.
“Em termos de famílias assentadas é o pior ano de todos os 40 anos do MST. Mas nós compreendemos. Faz parte da luta”, disse ele em gravação divulgada na sexta-feira (22).
O tom é diferente da atitude mais incisiva adotada pelo movimento durante todo o ano, quando não escondeu a decepção com a lentidão da reforma agrária no início do novo governo petista.
Em setembro, João Paulo Rodrigues, outro membro da coordenação nacional do movimento, disse ao Painel que a insatisfação era grande. “Precisaremos de cinco mandatos do Lula para concluir o processo de reforma agrária”, afirmou.
Desta vez, embora aponte lentidão nos assentamentos, Stedile atribuiu o problema ao legado de governos anteriores.
“Faltaram recursos, porque o orçamento era do governo passado, e de certa forma o Estado brasileiro, com o desmonte que houve nos seis anos de governos fascistas, impediu que agora a máquina se voltasse para as necessidades dos trabalhadores”, afirmou na mensagem ao movimento.
Segundo ele, a reforma agrária não se mede mais por hectares. “Ela se mede por ideias, conquistas políticas e sociais”, afirmou, dando como exemplos temas como soberania alimentar, agroindústrias e agroecologia.
Em 2024, o MST completará 40 anos e fará um congresso para discutir o futuro do movimento em Brasília.
Entre os objetivos apontados para o próximo ano estão consolidar uma parceria com o governo da China para transferência de tecnologia e realizar trabalho em periferias de grandes cidades, em ações como cozinhas solidárias.