O líder do Novo na Câmara, Marcel Van Hattem (RS), afirmou que “falta sintonia” ao PSL e a suas principais lideranças. Indignado com mais um adiamento na votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, a qual apoia integralmente e pela qual tem trabalhado a favor, o deputado criticou o governo e disse que “quanto mais demorar para votar, mais difícil vai ficar”.
“Aqueles que, porventura, estavam indecisos, estão tomando uma aversão ao texto que poderia ser evitada”, desabafou horas após o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Felipe Francischini (PSL-PR), anunciar o encerramento da sessão de quarta-feira (17), convocada com a intenção de votar o relatório de Marcelo Freitas (PSL-MG), pela constitucionalidade da PEC. Isso ocorreu, após uma ligação do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), mandando acabar logo a reunião para evitar um novo desgaste e para que se pudesse negociar pontos do texto com o Centrão – bloco formado por PR, PP, PRB, DEM e Solidariedade.
Para Marcel, o governo “errou” com a transferência da data. Ele também criticou as negociações para alterar pontos da proposta e disse torcer para que “não prosperem”. O secretário da Previdência, Rogério Marinho, começou a se reunir desde quarta com lideranças do Centrão para conversar sobre pontos que o grupo exige que saiam da PEC já na CCJ.
No dia anterior, terça (16), Marcel participou, ao lado de Francischini, de uma movimentação para incentivar governistas a desistirem de discursar no colegiado para economizar tempo e possibilitar que a votação ocorresse ainda essa semana. Conseguiram reduzir cerca de oito horas de sessão naquele dia.
Porém, a desarticulação escancarada da bancada governista tem dificultado o andamento da PEC. “Vai depender de mais boa vontade do que eu imaginava”, afirmou Marcel Van Hattem, quando questionado sobre o sucesso em agilizar a tramitação nas etapas restantes, a comissão especial que será instalada após a votação na CCJ, e o plenário, onde a proposta será votada em dois turnos. “Falta sintonia das principais lideranças. Isso é muito ruim no PSL. Sintonia mesmo. Acho que é essa a palavra”, classificou.
Ele ponderou, contudo, que a bancada do PSL deve achar um rumo, mas a longo prazo. “Está demorando a se encontrar [a bancada do PSL]. Mas no longo prazo, se olharmos quatro anos de mandato, olhando pra trás também, como foi a montagem do governo, diferente de todos os outros, talvez quando olharmos de cima, lá em 2022…”
O Novo fechou questão a favor da reforma, mesmo em torno dos pontos mais polêmicos, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o endurecimento das condições para aposentadoria rural.