Rodrigo Pacheco esteve nesta quarta em evento do PSD em Brasília no qual foi apresentado oficialmente como o futuro pré-candidato do partido às eleições presidenciais do ano que vem. A aposta do cacique maior da legenda, Gilberto Kassab, é que o atual presidente do Senado e do Congresso consiga romper com a polarização entre Jair Bolsonaro e Lula da Silva. As informações são da revista Veja.
Leia abaixo a íntegra do discurso dado por Pacheco nesta quarta:
24 de novembro de 2021, uma data histórica, importante e significativa para o PSD. Uma reunião, um encontro, um evento, uma convenção digna de nota e de reconhecimento por sua grandeza e pelo tamanho do que vocês fizeram aqui como expressão pura e bela do que é viver numa democracia. Um partido jovem, de 10 anos de existência, e que talvez pela inspiração do grande mineiro e brasileiro Juscelino Kubitschek, tenha feito muito mais anos em 10 anos. O partido que se tornou grande, o partido que se tornou ouvido e respeitado pela política e pela sociedade brasileira, com significativas bancadas, com representações no Poder Executivo e com grandes quadros que fazem dele uma realidade de grandeza.
Eu vou dispensar maiores saudações a todos que aqui estão a compor essa mesa de trabalho desta reunião do PSD, até porque sinto que todos aqui, independente do cargo que ocupam, da importância histórica política que detenham, são todos nesse instante iguais, absolutamente iguais na política. Somos todos soldados e militantes do PSD. Os vereadores de Mogi das Cruzes (SP) Edson (Santos), Otto (Rezende), Bi Gêmeos, da base do nosso querido Marco Bertaiolli que saúdo, os senadores, os deputados, os prefeitos, todos formam uma família de pessoas iguais, com os mesmos e bons objetivos de fazer aquilo que José Luiz Datena acabou de dizer num belíssimo pronunciamento que fez, que foi de servir ao Brasil.
Por que nós estamos aqui? Por que nós constituímos e construímos cada vez mais um partido político? Por que dedicamos o nosso tempo à causa pública? É para gerar felicidade ao próximo, é para dar alento mínimo, em especial aquelas pessoas que mais precisam de nós, de uma política feita com seriedade, com sensatez, com serenidade, com equilíbrio e com ações efetivas para além do discurso. Como disse aqui o nosso prefeito Marquinhos Trad (Campo Grande – MS), fazer do discurso, a prática. A asa de um passarinho no lado direito não é mais importante que a asa esquerda.
Portanto, tudo isso que nós vivemos aqui, e aí faço um reconhecimento público, importante, a uma grande liderança política que acaba sendo o nosso timoneiro, com toda a segurança que temos de confiar a ele os destinos do partido e os nossos próprios rumos da política, que é Gilberto Kassab. Ele já foi aqui reverenciado, reconhecido, mas quero aqui de público dizer da importância de Gilberto Kassab e do PSD para a minha posição política e para o momento que vivo como presidente do Senado e do Congresso Nacional. Esse reconhecimento público a uma bancada, na ocasião de 11 senadores, que acreditaram em um senador de primeiro mandato de Minas Gerais, para que pudesse representá-los no alto comando do Congresso Nacional como chefe de um poder no nosso país.
O apelo do PSD aos demais partidos naquela conjuntura de construção de uma candidatura à presidência do Senado foi fundamental, e faço aqui esse reconhecimento público de gratidão porque considero que a gratidão é um dos principais traços da personalidade de um homem. Embora a minha filiação ao PSD, um tanto recente de fato, me impeça de ter a autoridade de falar do partido, nesse instante eu sou soldado do partido a construir um grande partido nacional. Mas, embora a filiação seja recente, devo reconhecer que a minha estada no PSD para além de um ato de filiação, já existia antes meu caro líder Antônio Brito (PSD-BA). Certo dia eu acordei, e de tanto ouvir e ver o Gilberto Kassab defender o meu nome como uma alternativa nacional, eu já me sentia plenamente um filiado ao PSD mesmo antes da filiação formal.
E aquele ato memorável no Memorial JK, em que me filiei e assumi compromissos públicos com o partido e com a política nacional, foi um ato que consolidou uma união que haverá de ser muito duradoura e profícua entre todos nós, representada, sobretudo naquilo que o PSD tem de melhor e que eu aqui hoje estou testemunhando, que é a sua militância. Militância capaz de encher um salão deste tamanho, com composições importantes, com afirmações importantes, substanciadas e materializadas no final das contas no manifesto que constitui uma carta à nação do que o PSD pensa e do que o PSD fará para tornar o Brasil um país melhor.
Eu quero crer que nós não possamos nos afastar, em hipótese alguma, de algumas premissas. A primeira delas a da defesa de um Brasil mais igual. Em termos muito práticos digo que não há como defender o Brasil sem defender os municípios brasileiros. A pauta dos municípios da defesa de prefeitos, prefeitas, vereadores que vivem no dia a dia dos municípios é fundamental. É a pedra de toque do federalismo que está na nossa Constituição e que precisa ser pregada a todo instante. Isso porque não é de Brasília que saem as grandes soluções, é dos municípios que saem as soluções para aquelas pessoas que precisam da política próxima delas.
Em segundo lugar, a defesa de algo que para mim é muito caro, e que eu tenho certeza que é para todos vocês também, e que está no nome do nosso partido PSD, é a defesa da democracia. A democracia que foi em alguns momentos atacada por alguns, felizmente uma minoria que pretenderam em algum momento criticá-la, mitigá-la, até retrocede-la, e nós temos o compromisso de todos que aqui estão, independente dos cargos que ocupam, de defender a todo instante a democracia brasileira, que é imperfeita, que é impura. Tem uma frase que eu gosto muito e tenho dito muito, que a é de que a força da democracia está exatamente em se confessar imperfeita e impura. Isso, diferentemente de regimes totalitários que se apregoam perfeitos e oniscientes para serem, na verdade, irresponsáveis. Portanto, pregar a democracia e viver isso que nós estamos vivendo, com liberdade de expressão, com liberdade de manifestação, com liberdade política de pluralismo político, é algo que nós devemos cuidar e celebrar sempre.
E o que nós estamos vivendo no Brasil hoje? Diversos problemas seriam plenamente evitáveis se fizéssemos da política aquilo para qual ela existe ou para o quê ela existe, que é de buscar solução para a vida das pessoas a partir de uma democracia que permita a convivência das divergências. O que nós estamos vivendo no Brasil hoje é um radicalismo, um extremismo, uma cultura de ódio que está acabando com o Brasil e que nós precisamos conter. Definitivamente, nós acharmos que sempre temos razão e que o outro está sempre errado, no uso indiscriminado e indevido de meios de comunicação, inclusive digital, para atacar o outro inclusive sob o ponto de vista pessoal, isso não é fazer política. É muito ruim nós tratarmos os problemas do Brasil que se avizinham, se apresentam e batem na nossa porta, como a inflação, o desemprego, a alta da taxa de juros, a desvalorização da nossa moeda, as crises hídrica e energética que nós temos no país, uma violência que nos assola, é muito difícil nós fazermos um caminho de solução desses problemas sem planejamento, e sem o planejamento que seja sereno, que seja equilibrado e que possa ouvir todas as vertentes. O dono da verdade normalmente é engolido por sua própria esperteza.
Então, o que nós temos que pregar a todo instante na defesa da República, na defesa do federalismo, na defesa da democracia, na defesa do estado de direito, de garantias individuais, de direitos fundamentais, de liberdades públicas, é um planejamento de nação. E aí, de fato, como disse Datena, eu vou instá-los a essa reflexão: por que cada um dos senhores e das senhoras estão aqui hoje? Para fazer política, política com “P” maiúsculo, de permitir ao Brasil hoje aviltado, hoje sofrido por todos os problemas que se apresentaram, inclusive de uma pandemia que foi impiedosa com a nossa nação e com diversos países do mundo. Nós temos uma grande responsabilidade sobre os nossos ombros. Repito, não só nós que ocupamos cargos públicos, mas cada um dos senhores e das senhoras que filiados e filiadas a um partido político tem esse dever de construir essas soluções, esse planejamento de nação, como fez Juscelino Kubitschek ao pretender ser presidente da República.
Ele concebeu uma ideia para o país, que visava deixar de ser um país eminentemente agrário para ser agrário e industrial; um país que não ficasse só crescido na sua margem litorânea, mas que pudesse se interiorizar e que pudesse haver uma integração entre os Estados; um país que pudesse ter no centro de seu território uma capital que representasse aquilo que ele chamava da vitalidade política do Brasil, que é Brasília. Um presidente que pensou muito à frente do seu tempo e que é incomparável. E, embora seja incomparável, é meu direito e é direito de cada um de nós tê-lo como inspiração e tê-lo como alguém que possa nortear nossas ações no dia a dia da política. É melhor se espelhar em Juscelino Kubitschek, se espelhar em Tancredo Neves, do que se espelhar na política de ódio, de discórdia, na política sem sabedoria, sem inteligência, que tem arruinado o Brasil.
Portanto, esse planejamento de ações sinalizado desde já por uma carta e por uma manifestação partidária, referendada unanimemente nesse evento, é o início de um caminho, de uma reconstrução para o Brasil. Ou não é possível o Brasil, com as riquezas que tem, compatibilizar o desenvolvimento do seu agronegócio e de sua indústria com o desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente? É plenamente possível. Nós temos um país com a preservação de 66,3% do seu território, temos um país como a matriz energética limpa, mas o mundo não nos enxerga assim porque temos aqui um problema gravíssimo que precisa ser reconhecido, inclusive pelo nosso partido, de desmatamento ilegal da Amazônia e de florestas. Sejamos verdadeiros nesse discurso que nós temos um problema e vamos resolvê-lo porque temos capacidade de resolvê-lo.
Ou não é possível nós compatibilizarmos um direito daqueles que querem desenvolver-se e empreender, ter empresas, progredir, com aqueles que trabalham? A compatibilização do empregador com o empregado é perfeitamente possível. Ou não é possível nós reconhecermos que o Brasil, com a matriz de origem africana que tem, deve abominar o racismo que ainda existe na nossa sociedade brasileira? Ou não é possível reconhecermos que as mulheres, – que não são só maioria aqui nesse evento, são maioria no Brasil –, que elas têm um déficit de reconhecimento nacional que precisa ser suprido. Agora, nós não vamos conseguir equilibrar esses valores, estabelecer uma realidade diferente dessa que nós vivemos, se não houver um ambiente mínimo de pacificação nacional, de união nacional.
Repito que ninguém é dono da verdade, ninguém tem o dom da solução de todos os problemas como se houvesse um passo de mágica. Esta é uma construção, que é uma construção feita com paciência, com equilíbrio, passo a passo, reconhecendo que diversos outros partidos, ainda que diferentes da gente, que ainda que com pensamentos ideológicos diferentes do nosso, podem contribuir com alguma solução. Nós temos feito a nossa parte no Senado Federal. Aliás, a minha preocupação nesse momento maior é com aquilo que os senadores, o povo de Minas e o povo do Brasil outorgaram, que foi ser presidente do Senado e do Congresso Nacional. Digo até que o Brasil nesse instante não precisa de candidatos à Presidência da República, como os muitos que estão se apresentando. O Brasil precisa de homens e mulheres cientes das suas próprias responsabilidades nesse ano de 2021 para enfrentarmos os problemas reais que envolvem precatórios, que envolvem Bolsa Família, que envolvem responsabilidade fiscal, que envolvem geração de emprego.
Obviamente, nós somos um partido político, eu tenho dito isso sistematicamente nos pronunciamentos que faço, nas entrevistas que dou, em relação ao ano de 2022, que será um ano eleitoral. Todos nós queremos que as eleições aconteçam e elas acontecerão. Embora alguns tenham até sugerido que não houvesse eleições no Brasil, o que foi imediatamente repudiado pelo PSD, por mim e por todos do nosso partido, as eleições acontecerão, e será um momento mágico, será um momento próprio da expressão mais pura da soberania de um povo, que é o sufrágio universal, que é a eleição, que é a possibilidade de se escolherem representantes, e essa escolha haverá de ser feita de uma maneira inteligente, de uma maneira sábia, de uma maneira reflexiva.
E a grande reflexão que temos que fazer é: o Brasil está bem? O Brasil está em um caminho bom? O Brasil está se apresentando como nação com o desenvolvimento econômico, com o crescimento do PIB, com o combate ao desemprego de maneira eficiente? Definitivamente não está. E nós precisamos ter alternativas para que o Brasil possa se submeter aquilo que o Kassab gosta de dizer, que é uma mudança tranquila, uma mudança que possa fazer com que esse país rico como é, com os problemas que tem e plenamente possíveis de serem resolvidos, mas com grandes valores nacionais, possa se tornar uma grande nação. E o que devo dizer a todos os senhores é que convocado a essa missão de servir o PSD, eu o faço na condição de presidente do Senado, na condição de Congresso Nacional e, em relação às eleições de 2022, eu repito que estarei de corpo, alma, mente e coração a serviço do partido e do Brasil.
Que esse movimento do PSD nesse dia 24 de novembro possa ser interpretado como uma contribuição do partido à democracia brasileira. Vamos construir uma proposta, vamos identificar o que é preciso efetivamente se fazer com a educação brasileira, que precisa ser mais inclusiva, tecnológica e relevante; com a segurança pública brasileira que precisa conter irremediavelmente a criminalidade que nos assola; com a saúde pública do Brasil colocada à prova com uma pandemia gravíssima do coronavírus, e que revelou um dos mais extraordinários ativos de sua existência que é o Sistema Único de Saúde (SUS), que precisa ser incrementado cada vez mais.
Vamos construir uma proposta relativamente ao meio ambiente para que possamos combater essa chaga do desmatamento ilegal da Amazônia e das nossas florestas, que possamos ter fundamentos econômicos num plano para salvar a economia nacional que se for medida num teste de PCR como o do coronavírus, vai se ver que a economia está contaminada e que precisa ter tratamento. A economia no Brasil precisa se reerguer dentro de fundamentos sólidos, previsíveis, claros e eficientes. E não se faz um plano econômico, se conserta a economia e se faz desenvolvimento econômico no Brasil trazendo para essa discussão valores morais, valores ideológicos, valores religiosos, valores de costumes. Fundamentos econômicos são fundamentos econômicos, e nós temos que ter seriedade para tratar disso da forma como essa questão precisa ser tratada; construir uma política, e essa responsabilidade é de cada um de vocês com base naquilo que nós temos que pregar a todo instante, que era até para ser lema da nossa bandeira, que tem Ordem e Progresso.
Na verdade, o lema original da nossa bandeira pela escola positivista tinha uma palavra anterior que era amor. Amor ao próximo, amor ao Brasil, e revelar amor ao Brasil, definitivamente, não é só colocar uma camisa da seleção brasileira e sair xingando o STF, o Congresso Nacional e a política brasileira. Amor ao Brasil é praticar a cidadania, é cumprir os seus deveres, é criticar de maneira respeitosa aquilo que se revela diferente, é isso que é amor ao Brasil. Nós precisamos mais do que nunca disso e vamos dar essa lição, vamos seguir esse caminho pelo PSD por todos os que aqui estão, cada qual com seu valor inestimável, vamos pregar a união nacional, vamos pregar o respeito entre as instituições e entre as pessoas. O ódio da política tem chegado a nossa casa, tem chegado a nossa família, tem chegado a nossa vizinhança, tem chegado às nossas relações de trabalho. Isso é muito ruim. Vamos pregar o respeito junto com a união, mas vamos pregar também a responsabilidade, a responsabilidade de cada um de nós temos com desenvolvimento do nosso país e com aquilo que é mais sagrado, que é poder cuidar das pessoas que precisam da política e que estão lá na ponta hoje desamparadas.
Vamos ter aquilo que Juscelino Kubitschek pregava a todo instante e que talvez seja o maior símbolo nacional disso, que é o otimismo. O otimismo com o Brasil. Um Brasil que é campeão no agronegócio; um Brasil que é campeão em diversas áreas de ciência e tecnologia; um Brasil que tem mentes brilhantes, infelizmente indo para fora, mas que podem aqui permanecer; um Brasil que já deu inúmeras lições para o mundo em diversas searas e diversas áreas; um Brasil que é capaz de se reerguer; um Brasil que é capaz de ser mais inclusivo e permitir uma vida melhor a cada um dos brasileiros e das brasileiras. Não percamos o otimismo, não percamos o entusiasmo com o Brasil. É isso que nos fará diferentes e vamos dialogar com todos que estão envolvidos na política de 2022 no Brasil porque o diálogo é premissa da democracia, e o diálogo é premissa do nosso desenvolvimento enquanto nação. Muito obrigado.