A juíza substituta da Operação Lava Jato Gabriela Hardt, da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, disse nesta quarta-feira (12) que também teve o seu celular invadido. Por meio de nota, a Justiça Federal informou que ela teve o aplicativo de mensagens Telegram acessado indevidamente. O aplicativo é o mesmo que foi invadido no celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, no último domingo (9).
Segundo o comunicado, o celular teria sido invadido “na mesma época e aparentemente pela mesma pessoa/grupo que invadiu os aparelhos dos procuradores” da força-tarefa da Lava Jato.
“O fato foi imediatamente comunicado à Polícia Federal”, afirmou a Justiça Federal de Curitiba.
“A juíza não verificou informações pessoais sensíveis que tenham sido expostas e entende que a invasão de aparelhos de autoridades públicas é um fato grave que atenta contra a segurança de Estado e merece das autoridades brasileiras uma resposta firme. Da mesma forma, a juíza federal espera que o Poder Judiciário, do qual faz parte, perceba tal gravidade e adote medidas firmes para repelir tais condutas”, encerra a nota.
Gabriela Hardt foi a juíza responsável pela condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em ação no sítio de Atibaia (SP). Ela deixou o cargo de titular em fevereiro deste ano, quando o juiz federal Luiz Antonio Bonat assumiu em definitivo o lugar de Moro.
Caso Moro
As mensagens divulgadas pelo site The Intercept na noite do último domingo mostram a suposta interferência do então juiz da Operação Lava Jato, Sergio Moro, nas investigações da força-tarefa.
O atual ministro da Justiça e o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, teriam trocado colaborações durante as investigações. A publicação afirma ter uma série de mensagens privadas, gravações em áudio, vídeos, fotos e documentos judiciais.
Em conversas entre Moro e Dallagnol, o magistrado teria sugerido ao procurador que trocasse ordem de fases da Lava Jato, cobrado agilidade em novas operações, dado conselhos estratégicos e pistas informais de investigação e recomendado recursos ao Ministério Público.
Explicações
O vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA), protocolou, nesta terça-feira (11), pedido de convocação para Moro preste esclarecimentos sobre as mensagens reveladas pelo site no Plenário da Câmara dos Deputados.
Até o momento, a Câmara recebeu outros dois pedidos para que o ministro do governo Jair Bolsonaro (PSL) compareça à Casa: nas Comissões de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP). Moro irá prestar esclarecimentos no Seado, no dia 19, e na Câmara, no dia 26. Nos dois casos ele irá falar em comissões.
No Senado, houve acordo para evitar uma convocação do ministro da Justiça, e assegurar que ele possa ir à Casa voluntariamente como convidado para falar do conteúdo das conversas que supostamente trocou com o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol.
Nesta terça, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou que Moro vai comparecer à CCJ da Casa no dia 19 para falar sobre o vazamento.