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sábado 12 de janeiro de 2019 às 06:42h

Kim: Se pedem renovação, não faz sentido eleger Maia

POLÍTICA


Deputado disputará a presidência da Câmara contra o colega de partido

im Kataguiri (DEM-SP), 22, será o segundo deputado mais novo na legislatura que tomará posse no dia 1º. Na mesma data, com um possível impasse judicial se não seria novo demais para o cargo, o cofundador do MBL (Movimento Brasil Livre) disputa a presidência da Câmara à revelia do próprio partido, que tenta emplacar a recondução de Rodrigo Maia.

Com um discurso de austeridade, Kim conta que dispensou auxílio-moradia e apartamento funcional: vai dividir um apartamento em Brasília com quatro assessores, cada um pagando R$ 900.

Ele concorda com o presidente Jair Bolsonaro nas críticas à ONU (que diz ser antidemocrática), na visão de que o Brasil foi empesteado por socialismo nos anos petistas e no uso de redes sociais para “comunicação direta” com o povo. Concedeu esta entrevista por áudios de WhatsApp.

Pergunta – Por que se candidatar à presidência da Câmara?

Kim Kataguiri – Não faz sentido você ter como principal palavra de ordem nas eleições a mudança e eleger para um terceiro mandato o atual presidente da Câmara. Seria contra a vontade da população. E precisamos de um novo perfil que saiba comunicar melhor as reformas de que o país tanto precisa, principalmente a previdenciária, que não foi aprovada na última legislatura, foi demonizada, por falha de comunicação.

P – Sua sigla não o apoia. A candidatura independente é viável?

KK – É viável, sim. A negociação se dá muito mais individualmente do que por bancadas.

P – O Supremo enterrou a possibilidade de voto aberto nesta disputa. Por que o sr. o defendia?

KK – O eleitor tem direito de saber em quem seu deputado vai votar. Não tem por que a questão da presidência continuar sendo de gabinete, de carpete, obscura como é hoje.

P – O sr. tem 22 anos, e o mínimo para ser presidente do país é 35, afinal, o presidente da Câmara está na linha sucessória. O impasse sobre sua idade não pode afetá-lo?

KK – Consultei o corpo técnico [da Câmara], o entendimento também é de que posso me candidatar tranquilamente.

P – O MBL apoiou o candidato Bolsonaro. Como avalia o começo do governo do presidente Bolsonaro?

KK – Tem erros e acertos, mas com certeza mais acertos. O principal deles foi ter dado liberdade para os ministros escolherem de forma técnica, não manter cabide de empregos como antigamente. O pior dos erros: as contradições de comunicação.

P – O MBL tem criticado indicações a cargos públicos do filho do vice Mourão, de amigos da família Bolsonaro. E outros assuntos que se voltaram contra o novo governo, como as denúncias contra seu colega de partido, o ministro Onyx Lorenzoni?

KK – Quando Onyx admitiu o caixa dois ele era deputado, não é fato novo. Sobre as novas da verba do gabinete, a gente tratou na página [do MBL]. No canal, no YouTube, não, mas na página a gente tratou, sim.

P – O sr., cofundador de um movimento liberal, concorda com críticas do chanceler Ernesto Araújo ao globalismo?

KK – Rejeito, sim, que a gente tenha um globalismo, ou seja, uma força política supranacional que antidemocraticamente dite o que o Brasil precisa fazer. A ONU não é eleita democraticamente, a população não vota para a cúpula da ONU. Quem deve ter a soberania é seu país em si. O que não significa isolamento ou não comércio com nenhum outro país. Não existe nenhum tipo de conflito em ser contra o globalismo e ser liberal.

P – O sr. acha a ONU autoritária? O Brasil deve se retirar dela, ou ao menos de órgãos como o Conselho de Direitos Humanos, como Bolsonaro já ventilou?

KK – A eleição não é feita democraticamente pela população dos países. Se não se retirar, submeter todas as decisões ao Congresso. Não apenas os tratados supralegais.

P – O MBL passou a se envolver em questões da seara conservadora, como na polêmica do Queermuseu. Continuarão?

KK – Discordo do pressuposto da pergunta. Não necessariamente precisa ser um conservador para discordar de que é imoral e economicamente ineficiente usar dinheiro público para financiar determinadas iniciativas artísticas. Isso, aliás, é uma medida antiliberal, um grupo de burocratas de Brasília decidir o que é arte. A gente sempre criticou outras iniciativas artísticas, conseguiu inclusive fazer com que um programa de TV da [blogueira fitness] Gabriela Pugliesi fosse cancelado.

P – O sr. concorda quando o presidente diz que há socialismo no Brasil?

KK – Dá para a gente dizer que houve socialismo porque, economicamente falando, você teve um estatismo exacerbado e mesmo uma tentativa deliberada do Estado de agir em todas as esferas da sociedade, que inclusive caracteriza uma tentativa de implementação de um governo totalitário.

Kim Kataguiri, 22 anos

Foi eleito para seu primeiro cargo público, deputado federal, em 2018. Em 2014, fundou o MBL (Movimento Brasi Livre). Estuda direito no Instituto de Direito Público.

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