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sábado 2 de setembro de 2023 às 12:27h

Justiça da Alemanha indicia ex-guarda nazista de 98 anos

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Um homem de 98 anos foi indiciado por cumplicidade no assassinato de mais de 3.300 pessoas em um campo de concentração nazista na época da Segunda Guerra Mundial, informaram autoridades alemãs nesta última sexta-feira (1º).

O alemão era adolescente quando começou a trabalhar como vigia da organização paramilitar nazista Schutzstaffel (SS) no campo de concentração de Sachsenhausen em julho de 1943 e atuou no local até e fevereiro de 1945.

Os promotores alegaram que o homem “apoiou o assassinato cruel e traiçoeiro de milhares de prisioneiros como membro da guarda da SS” naquela época.

Sachsenhausen estava situado ao norte de Berlim. Mais de 200 mil pessoas foram detidas neste campo de concentração, incluindo judeus, presos políticos e outras vítimas da perseguição nazista. Os estudiosos sugerem que cerca de 40 mil a 50 mil prisioneiros foram mortos no lugar.

Uma avaliação psiquiátrica concluiu que o homem de 98 anos, cujo nome não foi divulgado, está apto para ir a julgamento. No entanto, dada a sua pouca idade na época do alegado crime, um tribunal de menores em Hanau decidirá se abrirá o processo.

Casos julgados tardiamente

A condenação do ex-guarda nazista John Demjanjuk em 2011 abriu um precedente na lei alemã, permitindo que outros fossem processados por suas ações durante o Holocausto. Desde então, a Alemanha tem visto uma série de processos contra antigos membros da SS.

Demjanjuk se tornou o primeiro réu condenado na Alemanha apenas por servir como guarda num campo de concentração, mesmo sem provas de envolvimento concreto em atos criminosos. Sentenciado a cinco anos de prisão, ele morreu em março de 2012, aos 91 anos, sem cumprir a pena.

Em maio de 2022, promotores do estado alemão de Brandemburgo pediram que um homem de 101 anos, que atuou como guarda de um campo de concentração durante o regime nazista, fosse condenado a cinco anos de prisão. Josef S., se declarou inocente. Ele é a pessoa mais velha a ser acusada de cumplicidade em crimes de guerra durante o Holocausto.

Em dezembro de 2022, uma mulher de 97 anos, ex-secretária de um antigo campo de concentração nazista, foi condenada a dois anos de prisão com pena suspensa — ou seja, não precisou ir para a cadeia. Irmgard F. foi considerada culpada de cumplicidade na morte de mais de 10 mil pessoas no campo de concentração de Stutthof, que hoje fica em território polonês.

De acordo com a acusação, ela trabalhou como datilógrafa e secretária do comandante do campo, Paul Werner Hoppe, de 1943 a 1945, quando tinha entre 18 e 19 anos — motivo pelo qual o processo foi julgado em uma câmara juvenil.

Em 2020, um ex-guarda do campo de concentração de Stutthof, então com 93 anos, foi condenado por um tribunal de Hamburgo. Bruno D. era acusado de cumplicidade no homicídio de 5.230 pessoas.

Em 2016, o ex-vigia do campo de concentração de Auschwitz Reinhold H. foi condenado a cinco anos de prisão pelo Tribunal Estadual de Detmold. O aposentado de 94 anos respondia por cumplicidade em 170 mil homicídios praticados entre 1943 e 1944, quando era membro da SS.

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