quinta-feira 12 de dezembro de 2024
Foto: Reprodução
Home / NOTÍCIAS / Juros devem seguir em alta em 2025, podendo chegar a 15%, dizem analistas
quinta-feira 12 de dezembro de 2024 às 07:40h

Juros devem seguir em alta em 2025, podendo chegar a 15%, dizem analistas

NOTÍCIAS


O Banco Central (BC) decidiu nesta última quarta-feira (11) acelerar o ritmo de aperto nos juros ao elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, que passa a 12,25% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria. No comentário que acompanha a decisão, o grupo prevê conforme Ana Carolina Nunes, da revista IstoÉ Dinheiro, mais duas altas da mesma magnitude nas próximas reuniões.

“Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, afirmou o Comitê de Política Monetária (Copom) da instituição em comunicado.

A decisão não surpreendeu o mercado, que se dividia em apostas entre 0,75 ponto percentual e 1 ponto percentual. Para os analistas, a deterioração das expectativas de inflação, a depreciação da taxa de câmbio e a desancoragem das expectativas de médio prazo justificavam uma postura mais agressiva.

Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, aponta que a “maior surpresa” foi a indicação dos próximos passos de política monetária, de duas altas de 1 ponto cada. Considerando essa projeção, aliado a cenário econômico, o Bmg vê ainda um ajuste residual de 0,50 p.p., o que levaria a taxa básica para 14,75%.

O patamar projetado pelo Bmg está próximo ao que aponta também o economista Andre Perfeito, que vê a Selic a, no mínimo, 14,25% em 2025, chegando a 15% em algum momento do próximo ano.

“Não sei se haverá espaço para cortes no ano que vem, por dois motivos. Primeiro porque não sabemos exatamente o que Trump irá fazer e se o Fed subirá os juros. E, para além de todos os problemas que já estão na mesa, me chama atenção que o regime climático não deve ser favorável o ano que vem”, diz.

Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, avalia que a decisão deixa ainda mais claro que o ano de 2025 começa com um tom de aperto: seja aperto fiscal, com corte nos gastos públicos, seja aperto monetário, com um Copom muito mais hawkish, ou seja, duro.

“Cabe lembrar que este foi o último Copom de Campos Neto e de parte da diretoria. A partir de janeiro, teremos um Copom composto por sete indicados pelo atual governo, incluindo o novo presidente, Gabriel Galípolo, e apenas dois remanescentes do governo anterior. Assim, a decisão de hoje pode ser vista como uma forma do novo BC manter sua credibilidade junto ao mercado, não só por ter sido unânime a alta de hoje, mas, principalmente, por todos os membros concordarem com um ciclo adicional de pelo menos 2 pontos percentuais de alta até março do ano que vem”

Pressão fiscal

Veronese vê como o ponto mais importante do comunicado do Copom a parte dobre o risco fiscal. O Copom argumenta no texto que a percepção dos agentes sobre o pacote fiscal anunciado pelo governo afetou de forma relevante os preços dos ativos, especialmente no que diz respeito às expectativas de inflação e taxa de câmbio – e ambos contribuem para uma dinâmica inflacionária adversa.

“Coube ao Banco Central ser o ‘adulto da sala’. Em um ambiente marcado por pacote de corte de gastos anunciado junto com renúncia fiscal, e com um Congresso que impõe diversas barreiras para sua votação em caráter emergencial, coube à autoridade monetária sinalizar compromisso com a inflação e mostrar, na prática, que fará o que for preciso para conseguir levar os números para a meta.”

A economista afirma que, com essa postura do BC, o que poderá se ver é uma atividade mais fraca, uma inflação desacelerando e um mercado de trabalho deixando para trás as mínimas históricas de desemprego. “Nada disso significa uma economia recessiva, mas, sim, uma economia mais fraca – para, quem sabe no final do ano, ou início de 2026, possa se discutir corte de juros.”

Sobre o impacto do pacote fiscal, Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, avalia que as medidas anunciadas geraram pressão sobre a decisão pelo aperto monetário, por conta do perfil expansionista da política apresentada. “[o governo] perdeu uma grande chance de ganhar credibilidade e mostrar um forte compromisso com a sustentabilidade das contas públicas, quando foi divulgado o pacote de contenção de gastos há algumas semanas”.

Veja também

Eleição 2026: ACM Neto 44% e Jerônimo Rodrigues 37%, mostra pesquisa Genial/Quaest

Nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (12) pela coluna de Jairo Costa Jr., do portal …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!