O presidente Lula tem trabalhado incansavelmente para harmonizar as relações entre o governo e as Forças Armadas. Esse esforço tornou-se particularmente importante após o incidente de 8 de janeiro, quando vândalos causaram estragos no Palácio do Planalto e nos edifícios do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional. Segundo informações da revista Veja, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, tem sido a figura central nesse processo de reconciliação.
No entanto, a iniciativa do ministro, apesar de contar com o apoio do presidente, enfrenta oposição de algumas figuras influentes dentro do PT. Entre eles está José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil, que foi condenado a mais de 39 anos de prisão nos escândalos do mensalão e do petrolão.
Em um artigo publicado na revista Teoria e Debate, da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, o ex-ministro ressaltou que os militares gozam de uma série de privilégios e defendeu a redução de salários e ‘penduricalhos’. Ele argumentou que os militares se tornaram um grupo com muitos privilégios em relação à população civil, e que alguns desses privilégios precisam ser revistos.
Dirceu avaliou que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi excessivamente “generoso” com os militares em termos salariais. Ele afirmou que Bolsonaro concedeu várias vantagens e privilégios aos militares, escondidos em diversos ‘penduricalhos’ e diferentes auxílios financeiros, resultando em anomalias como os supersalários.
Ele continuou, destacando que os militares são os únicos servidores públicos com aposentadoria integral, sem limite de idade e com paridade com os da ativa. Na reforma da previdência, o tempo de serviço aumentou de 30 para 35 anos, mas, em troca, eles receberam um Adicional de Compensação de Disponibilidade Militar, um grande aumento do soldo.
Dirceu também criticou as baixas alíquotas de contribuição previdenciária das Forças Armadas, afirmando que os militares contribuem com apenas 7% a 9% para a previdência. Ele acrescentou que as filhas adultas de militares, cujos pais faleceram ou ingressaram nas Forças Armadas até 2000, ainda têm direito à pensão.
O Ministério da Defesa não fez comentários sobre o assunto.