A ascensão meteórica de Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas para prefeito de São Paulo divide lideranças do governo e do PT. Ministros de Lula da Silva (PT) se dizem preocupados. Mas uma parte do partido acredita que o ex-coach está apenas crescendo entre os bolsonaristas, e que a direita será novamente batida na capital —como ocorreu em 2022.
“Marçal está disputando os votos bolsonaristas. Mas vencemos Bolsonaro [do PL] em São Paulo há dois anos, e vamos vencer Marçal se ele for para o segundo turno”, diz o ex-ministro José Dirceu, ecoando outras lideranças do partido na capital. “Não adianta ficar com essa histeria, pensando que ele pode ganhar. Os dados mostram que vamos para o segundo turno em São Paulo com todas as condições de vencer a direita.”
O ex-ministro afirma que conversou com diversos analistas de pesquisas na semana passada. E diz que ministros de Lula e lideranças do PT têm que baixar a ansiedade e analisar o quadro com maior frieza e objetividade.
Bolsonaro teve, no primeiro turno, 37,99% dos votos na capital paulista, contra 47,54% de Lula.
Marçal estaria disputando esses votos que foram para Bolsonaro há dois anos, diz Dirceu. E ainda estaria bem longe de amealhar todos eles. Segundo o Datafolha, o ex-coach tem 21% da preferência do eleitorado.
“Ele está brigando por esses 37% e pode tirar Nunes do segundo turno. A campanha do prefeito terá que se voltar contra Marçal”, analisa Dirceu.
No segundo turno, Lula voltou a vencer Bolsonaro na cidade de São Paulo, e com alguma folga. O petista teve 53,54% dos votos, contra 46,46% do ex-presidente.
Candidato ao governo do estado, Fernando Haddad (PT) também bateu o bolsonarismo na capital. Ele amealhou 54,41% dos votos válidos no segundo turno, contra 45,59% de Tarcíso de Freitas (Republicanos) —que venceu o pleito ao conseguir uma votação consagradora no interior de SP.
A direita também foi derrotada na capital na eleição para o Senado. O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) teve 44,87% dos votos na cidade de São Paulo, contra 37,8% do astronauta Marcos Pontes (PL-SP), que tirou a diferença no interior do estado e acabou eleito.
França também se diz otimista em relação à capital e afirma que, como Bolsonaro em 2022, Marçal é um fogo que pode ser contido pela “boa política” —referindo-se à aliança entre Lula e Geraldo Alckmin (PSB), antes adversários, para vencer o ex-presidente.
“Vamos buscar de novo a criptonita que tira os poderes dos falsos super-homens, e a água benta que apaga o fogo dos demônios”, afirma França. “O bem sempre vence o mal. Se não venceu ainda, é porque não chegamos no final. Pode esperar que estamos chegando”, disse ainda em um vídeo.