A Polícia Federal calculou em pouco mais de 6,8 milhões de reais o valor de mercado dos presentes e joias recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e desviados pela atuação ilícita da associação criminosa integrada por ele. O cálculo consta no relatório final de 476 páginas sobre a investigação da venda ilegal dos bens, encaminhado para o relator do caso no STF, o ministro Alexandre de Moraes — que tirou o sigilo sobre o inquérito nesta segunda-feira.
ATUALIZAÇÃO: Na conclusão do documento, o valor apontado pelo delegado Fábio Alvares Shor é diferente e muito maior: 4.550.015,06 dólares (25.298.083,73 reais). Mas a estimativa correta é de 1.227.725,12 dólares. A PF já enviou uma retificação ao Supremo.
O relatório aponta que “os elementos acostados nos autos evidenciaram a atuação de uma associação criminosa voltada para a prática de desvio de presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente da República JAIR BOLSONARO e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, para posteriormente serem vendidos no exterior”.
“Identificou-se, ainda, que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores. Dentro da estratégia traçada, o grupo investigado utilizou a estrutura do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica – GADH para ‘legalizar’ a incorporação dos bens de alto valor, presenteados por autoridades estrangeiras, ao acervo privado do ex-presidente da República JAIR BOLSONARO”, acrescentou o delegado.