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terça-feira 22 de outubro de 2024 às 18:35h

‘Jogo político’: ‘Se um parente meu matar alguém, eu sou o culpado?’, diz Dr. Luizinho sobre escândalo dos transplantes

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O deputado federal Doutor Luizinho, líder do PP na Câmara e ex-secretário de Saúde do governador Cláudio Castro, está no centro da polêmica. O laboratório PCS Saleme, responsável pelos laudos de falso negativo em HIV de órgãos transplantados, tem como um dos sócios o seu tio, o ginecologista Walter Vieira.

O jornal O Globo procurou Doutor Luizinho para questioná-lo sobre o escândalo.

Abaixo os principais pontos da conversa.

O senhor já foi cotado para alçar voos mais altos no Rio e em Brasília, mas esse escândalo dos transplantes pelo visto dinamitou qualquer possibilidade, certo?

São três cadeiras que falam para o meu nome e não tenho cabeça nenhuma para nada disso agora. Ministério da Saúde, presidência da Câmara dos Deputados e governo do Rio. Minha situação é muito ruim, as pessoas querem o meu fígado e não posso mais fazer projeção política. Quero me defender, apenas.

E como se defender diante desse caso tão chocante?

Para começar, esse contrato com o laboratório PCS Saleme não foi licitado durante a minha gestão na secretaria de Saúde.

Mas o laboratório é do seu tio…

Essa empresa é dele há 55 anos, antes foi do pai dele. O Walter se casou com uma tia minha, não é da minha família de sangue. Se estiver errado, que pague o que tiver que pagar. Agora, quer dizer que se um parente meu puxar uma arma e matar alguém, eu que sou o culpado? Repito: o contrato não é da minha época. Se eu estivesse lá, jamais passaria no meu compliance ter um tio com esse contrato.

É que, além da gravidade da contaminação de pessoas com HIV, foi descoberta uma série de pessoas ligadas ao senhor recebendo por trabalhos na área da saúde. Sua irmã, por exemplo, está na Fundação Saúde…

Ela não está ali por ser um cabide de empregos. Querem pintá-la como uma pessoa despreparada. Minha irmã é coronel do Corpo de Bombeiros, a primeira com mestrado e doutorado da corporação. Tenho 15 primos na família, não sei o que cada um faz da vida.

O escândalo também expôs a realidade de uma grande maioria de contratos na área da saúde sendo do tipo emergencial e sem licitação. Não é um problema?

As pessoas conhecem muito pouco da área da saúde. É um setor que não funciona sem contrato emergencial. Só uma UPA, por exemplo, tem de 25 a 30 contratos. São serviços para alimentação, limpeza, laboratório. O que não quer dizer que os contratos emergenciais não sejam feitos de maneira limpa, com pregão eletrônico.

E por que a escolha de laboratórios sem nome no mercado?

Tive zero interferência nesse processo e estão querendo colocar um enredo em que um laboratório de beira de esquina foi escolhido para matar as pessoas. Não é assim. Há muito tempo, os grandes da área como Sérgio Franco e Dasa não querem mais participar desses contratos. O preço é muito barato para eles.

A Assembleia Legislativa do Rio sepultou o pedido de CPI para investigar o escândalo dos transplantes. Como foi a conversa com o presidente da Casa, o deputado estadual Rodrigo Bacelar, para barrar a iniciativa?

Converso com ele e com todo mundo. CPI para quê? A polícia não está investigando, já? O Ministério Público não está investigando, já? Tem muita política nesse assunto, na medida em que passei a ser um personagem nacional.

Não é apenas por causa da sua projeção, é também porque seis pessoas contraíram o vírus ao receber órgãos transplantados…

Sim, foi uma cagada monstruosa e, mais uma vez, que pague quem tiver que pagar. Agora, ninguém pode achar que eu seria um louco ou doente mental de pedir para contratarem o laboratório de um tio depois que eu deixei a secretaria. Tenho 27 anos de formado e a saúde é o meu legado de vida. Imputarem a mim esse caso é desproporcional.

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