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quinta-feira 16 de janeiro de 2025 às 13:42h

Joe Biden faz discurso de despedida alertando sobre oligarquia de ultra-ricos

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou os americanos sobre uma “perigosa concentração de poder” nas mãos de “pouquíssimas pessoas ultrarricas” e sobre o impacto que ele teme que isso tenha sobre a democracia do país ao fazer um discurso de despedida na quarta-feira (15) no Salão Oval da Casa Branca.

“Hoje, uma oligarquia está tomando forma nos Estados Unidos – de extrema riqueza, poder e influência que literalmente ameaçam toda a nossa democracia, nossos direitos e liberdades básicos, uma chance justa para que todos possam progredir”, disse Biden, acompanhado de sua família e de auxiliares de longa data.

O presidente americano, que comanda o país desde 2021, disse estar preocupado com as consequências se os americanos ricos usarem sua influência para obter isenções fiscais e reverter os esforços para combater as mudanças climáticas e diminuir a sua responsabilidade.

Biden, 82 anos, traçou um paralelo com o discurso de despedida do ex-presidente Dwight Eisenhower, que comandou o país de 1953 a 1961 e alertou sobre um “complexo industrial militar”, dizendo que a nação agora enfrenta a ameaça de um “complexo industrial tecnológico”.

O discurso, que encerrou a carreira de cinco décadas do presidente na política, também retornou a temas conhecidos sobre a necessidade de preservar e proteger os ideais democráticos.

Como um todo, ele ofereceu uma crítica direta ao sucessor Donald Trump e seus aliados – muitos dos quais são oriundos das fileiras da elite empresarial e financeira do país.

“Os americanos estão sendo enterrados sob uma avalanche de desinformação, permitindo o abuso de poder”, disse Biden.

Elon Musk, a pessoa mais rica do mundo, ajudou a financiar a vitória eleitoral de Trump e recebeu um amplo portfólio de poder em seu novo governo, enquanto outros titãs da tecnologia tentaram obter favores com doações para a posse do republicano e peregrinações ao seu resort em Mar-a-Lago.

“Forças poderosas querem exercer sua influência sem controle para eliminar as medidas que tomamos para enfrentar a crise climática, para atender a seus próprios interesses de poder e lucro. Não podemos ser intimidados a sacrificar o futuro”, disse Biden.

Biden procurou apresentar seu mandato como uma presidência definida por uma reviravolta econômica após a pandemia de Covid-19 e políticas que fortaleceram as alianças dos EUA – mas sai do cargo com seu partido tendo perdido o controle da Casa Branca e de ambas as câmaras do Congresso.

O índice de aprovação de Biden caiu para 36,1%, o mais baixo em fim de mandato de todos os seus antecessores desde Jimmy Carter, que deixou o poder em 1981, de acordo com dados de pesquisas agregados pelo site FiveThirtyEight.

Na quarta-feira, Biden listou as suas realizações, desde a conquista de bilhões de dólares em subsídios para a indústria de semicondutores até um amplo pacote de infraestrutura, ao mesmo tempo em que admitiu que muitos americanos não sentiriam o impacto desses programas por anos.

“Levará tempo para sentirmos o impacto total de tudo o que fizemos juntos, mas as sementes estão plantadas, e elas crescerão e florescerão nas próximas décadas”, disse ele.

Biden também elogiou os avanços da inteligência artificial, chamando-a de “a tecnologia mais importante de nosso tempo – talvez de todos os tempos”, com “possibilidades e riscos profundos” para toda a humanidade.

“Devemos nos certificar de que a IA seja segura, confiável e boa para toda a humanidade”, disse Biden. “É mais importante do que nunca que as pessoas governem e, como uma terra de liberdade, os Estados Unidos, e não a China, devem liderar o mundo no desenvolvimento da IA.”

Desafios com inflação e saúde mental

O discurso de quarta-feira marcou o fim de meio século de vida política que testemunhou Biden subir do Senado para a Casa Branca apenas para liderar uma presidência considerada tumultuada por alguns analistas. Ele obteve vitórias legislativas iniciais, mas elas foram superadas pela angústia dos eleitores com relação à inflação alta e preocupações com sua idade e acuidade mental.

Essas preocupações, ampliadas por um desempenho vacilante em um debate que destacou seu declínio cada vez mais evidente, fizeram com que ele enfrentasse a pressão de seu próprio partido para preparar o terreno para uma geração mais jovem e se tornasse o primeiro presidente dos EUA desde 1968 a renunciar à candidatura para uma reeleição.

Biden foi acompanhado no Salão Oval pela vice-presidente Kamala Harris, que o substituiu no topo da chapa democrata e perdeu a eleição para Trump.

Embora Biden e Harris tenham classificado Trump como uma ameaça existencial à democracia americana, eles estarão presentes em sua posse na próxima segunda-feira (20), depois que o republicano conseguiu uma das mais impressionantes reviravoltas políticas da história dos EUA.

Mesmo enquanto Biden falava, Trump postou em sua plataforma Truth Social para observar que seu novo governo estava se preparando rapidamente e para zombar de muitos de seus rivais políticos.

O retorno de Trump ao poder ameaça transformar o legado de Biden em uma espécie de aparte – um interlúdio entre as presidências republicanas, que, no total, levaram ao controle quase irrestrito do Partido Republicano em Washington. Isso também deixou os democratas lutando para reconstruir seu partido e sua mensagem.

Conquistas na economia

Biden expressou arrependimento sobre sua saída da corrida presidencial de 2024, dizendo publicamente que acha que poderia ter derrotado Trump.

Nas últimas semanas, ele manteve um perfil discreto, buscou concentrar seu trabalho nas principais prioridades e tentou chamar a atenção para conquistas que foram um pouco ofuscadas, como o crescimento robusto do emprego, a inflação moderada, embora persistente, os investimentos emblemáticos em manufatura e infraestrutura, os subsídios e as medidas para limitar os custos de medicamentos para idosos e expandir o acesso ao seguro saúde.

Embora os eleitores tenham repudiado seu histórico econômico durante a eleição, Biden apresentou na quarta-feira suas políticas como uma ajuda para impulsionar os americanos da classe trabalhadora.

“Vemos as consequências em toda a América, e foi exatamente isso que fizemos. As pessoas devem ser capazes de ganhar o máximo que puderem, mas devem seguir as mesmas regras. Pagar sua parcela justa de impostos”, disse ele.

Biden também fez um apelo aos americanos para que sejam vigilantes e defendam suas instituições democráticas enquanto ele se prepara para entregar a Casa Branca ao seu sucessor republicano.

“Acreditar na ideia dos Estados Unidos significa respeitar as instituições que governam uma sociedade livre – a presidência, o Congresso, os tribunais, uma imprensa livre e independente”, disse Biden.

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