O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou nesta quarta-feira (18) a Israel para demonstrar apoio ao país e tentar construir um bloco de apoio aos israelenses na região. Nos bastidores, contudo, é esperado que o norte-americano discuta com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu medidas radicais para por fim à guerra. “O presidente Biden vem solidarizar-se com Israel e vem dar licença ao país para acabar com o Hamas”, disse o jornalista português Henrique Cymerman à Coluna. Ele entrevistou cinco líderes fundadores do Hamas e que agora apura a visita de autoridades dos Estados Unidos ao país.
Cymerman compartilhou com Roseann Kennedy e Weslley Galzo, da coluna Estadão, suas conversas com fontes do governo norte-americano. O jornalista, que é membro do Instituto Brasil-Israel, disse ter ouvido de funcionários da Casa Branca e do Knesset (Parlamento israelense) que Biden, ao dar o aval para a aniquilação do Hamas, também vai exigir de Netanyahu “um pacote de ajuda humanitária para a população civil (de Gaza) que não tem culpa nenhuma”.
“O presidente Biden vem cá, não é só para apagar o fogo, se não para tentar começar um grande desenho, uma arquitetura nova desta região, um novo Oriente Médio”, disse à Coluna. “Ele vê nisso tudo uma oportunidade de criar uma região um pouco diferente, com novas alianças e com novas coalizões dentro da região e do mundo”, completou.
As expectativas do governo norte-americano podem não se concretizar. Líderes de países árabes cancelaram as reuniões que teriam com Biden por causa do ataque, de autoria ainda não identificada, a um hospital em Gaza, que deixou 500 mortos. A reportagem conversou com Cymerman na última terça-feira, 17, às 19h de Tel Aviv, portanto antes do ataque mortal às pessoas feridas.
Ainda de acordo com Cymerman, as autoridades dos Estados Unidos teriam convencido o presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, a abrir a fronteira com Gaza no posto de Rafah para permitir a entrada de refugiados palestinos no país. O acordo foi confirmaod nesta qurta-feira. “A pressão norte-americana vai fazer com que eles, amanhã ou muito em breve, abram a fronteira para permitir a entrada de milhares de caminhões com ajuda humanitária para a população civil de Gaza”, disse o jornalista.
Cymerman contou que havia a expectativa de que a abertura da fronteira fosse anunciada nesta quarta-feira, porém, diante dos novos eventos envolvendo a explosão do hospital, não há informações que confirmem se o acordo será mantido.
O jornalista propõe como solução para o término da guerra uma coalizão de países focada em reconstruir Gaza e entregar a região à Autoridade Palestina. Somente assim, acredita ser possível instituir um governo democrático com a perspectiva de construção do Estado Palestino.