O ministro da Cidadania, João Roma, disse nesta última quarta-feira (9) a aliados que pode deixar o partido e migrar para o PL, legenda do presidente Jair Bolsonaro. O objetivo é permanecer na disputa ao governo da Bahia e dar palanque ao chefe do Poder Executivo no Estado que possui o quarto maior colégio eleitoral do país.
A candidatura de Roma vem enfrentando resistência do presidente do Republicanos na Bahia, deputado Márcio Marinho, e Roma chegou a acenar para uma desistência da corrida estadual em conversa recente com o presidente nacional da sigla, Marcos Pereira. Segundo apurou o Valor, a insistência de Bolsonaro para que ele concorra ao Palácio de Ondina fez com que o ministro admitisse a aliados a possibilidade de migrar para o partido do presidente.
A parlamentares, ele disse que pretende conversar com Pereira para consultá-lo sobre a possibilidade de mudar de partido. Ao Valor, um interlocutor do presidente da legenda admitiu que as chances de Roma permanecer entre seus quadros são “pequeníssimas”.
Antes de ser indicado para o Ministério da Cidadania, Roma chegou a ter como alternativa assumir o diretório baiano do Republicanos. Neste cenário, Marinho é que teria ido para a pasta. Pelo fato do deputado ter sido preterido na ocasião, Pereira disse a aliados que não tem como contrariar Marinho agora para ceder aos pedidos de Roma de apoio à sua candidatura.
Em meio às negociações, o presidente do PL na Bahia, José Carlos Araújo, decidiu se desfiliar do partido por querer apoiar ara candidatura do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, do União Brasil. A sigla estava comprometida a apoiar a postulação do ex-prefeito de Salvador, mas deve tomar outro caminho para dar espaço a Bolsonaro no Estado.
“Há alguns meses, o PL firmou compromisso em aceitar a candidatura do ex-prefeito de Salvador ACM Neto ao governo do Estado. Por razões que são do conhecimento de todos, o PL não irá manter esse compromisso e deverá apoiar outra candidatura ao governo. Contudo, eu me sinto na obrigação de manter a aliança”, disse Araújo em carta de desfiliação. “Comunico nesta carta que tomei a decisão de pedir a minha renúncia do cargo de presidente estadual do partido e, também, de me desfiliar”, acrescentou.
Paralelamente à ofensiva para que Roma seja candidato pelo PL, aliados de Bolsonaro tem estimulado que o vice-governador João Leão (PP) apresente seu nome na disputa.
Aliado do PT, Leão trabalhava com o cenário de substituir Rui Costa por nove meses no governo da Bahia, que deixaria o cargo para concorrer ao Senado em uma chapa encabeçada pelo senador Otto Alencar (PSD-BA).
Otto, porém, decidiu que pretender disputar a reeleição e o PT busca um nome interno para a corrida estadual. Com isso, Rui ainda estuda sobre deixar o governo, deixando Leão ficar nove meses à frente do Palácio de Ondina.
O objetivo de João Leão era fortalecer as candidaturas do PP e ampliar as chances de eleger mais deputados federais do partido no Estado.
Mais cedo, ele foi às redes sociais e disse que o PP da Bahia “precisa refletir sobre seu futuro nas eleições estaduais deste ano”. “Estão sendo analisados alguns cenários. Um deles, o PP ter candidatura própria ao governo da Bahia. O outro, compor com a chapa majoritária do ex-prefeito de Salvador e secretário-geral do União Brasil, ACM Neto. Ressalto também a reunião que tive com o governador Rui Costa na segunda-feira. Qualquer decisão que o PP tome sobre nossos rumos no Estado será alinhada com nossas bancadas, e também passará por uma conversa com o governador Rui Costa e com o ex-presidente Lula, com quem estive nos últimos dias”, disse Leão em publicação no Twitter. “Trabalhamos muito pelo nosso Estado e o legado do PP precisa ser respeitado, da mesma forma como temos nutrido respeito por todos os nossos aliados”, completou, em claro recado de insatisfação ao PT.