O deputado federal João Leão (PP) gravou uma homenagem ao jornal mais antigo da Bahia, o jornal A Tarde. Exibindo em uma mesa diversas edições originais do histórico jornal, como exemplo a primeira edição de 15 de outubro de 1912, o parlamentar disse que o A Tarde faz parte da história da Bahia e parabeniza àqueles que hoje trabalham e lutam pela preservação deste “grande jornal” (leia a história do A Tarde mais abaixo).
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História do jornal A Tarde
Em 15 de outubro de 1912 começava a circular o jornal A Tarde, periódico criado por Ernesto Simões Filho, que se tornou marco do “jornalismo moderno” na Bahia. Descendente de grandes senhores de terra, Simões Filho nasceu na cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, em 1886, e mudou-se para Salvador aos 14 anos, onde produziu seu primeiro jornal, O Carrasco. Em 1907, Ernesto Simões Filho, formou-se em Direito pela então Faculdade Livre de Direito da Bahia e, no ano seguinte, aderiu ao grupo político liderado por José Joaquim Seabra, cujas posições defendeu a partir do jornal Gazeta do Povo, no qual trabalhou como redator. Mas o jornalista concretizou de modo definitivo sua paixão com A Tarde, ao qual se dedicou de modo intenso até sua morte.
O periódico inspirou-se no carioca A Noite, de Irineu Marinho, fundado em 1911. Ao contrário dos seus contemporâneos baianos, A Tarde não teve seu capital aberto, mas foi montado exclusivamente por Simões Filho com as ações que herdara do avô, como relata seu biógrafo Pedro Calmon.
O engajamento em campanhas das mais diversas marcou a história de A Tarde na Primeira República. Simões Filho rompeu com o seabrismo no final de 1912 ao publicar críticas contra o secretário-geral do governador, Arlindo Fragoso. Especula-se que o diretor de A Tarde desejava o cargo para o qual não fora convidado. O secretário decidiu processá-lo e o governador apoiou o assessor contra o antigo aliado. Rompidos os vínculos políticos, o periódico começa um longo percurso na oposição ao governo. Mais tarde, na campanha eleitoral de 1919 é considerada a mais acirrada da Primeira República e registra de modo explícito a atuação política dos jornais soteropolitanos. A Tarde foi o periódico que mais se destacou. Ele representava o descontentamento com o governo de uma oposição formada por diversos setores da elite baiana, como o governador Antônio Moniz, seabrista eleito em 1916.
Nessa transição de regime político ocorrido durante a Primeira República, de século, de economia, inspirada pelo próprio tipo de política praticado, o A Tarde nasceu em meio a esse clima destacando um capítulo decisivo no jornalismo baiano e brasileiro. Nesse contexto, ocupou durante muito tempo o posto de maior jornal de circulação na Bahia e um dos maiores do Nordeste até os dias de hoje.