A reunião entre prefeitos promovida pela governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), na segunda-feira (2), foi marcada por uma troca de farpas indiretas com o prefeito de Recife, João Campos (PSB). Já de olho em 2026 quando Lyra será candidata à reeleição e Campos seu oponente, os dois políticos se comportam enquanto adversários.
Quem abriu as farpas foi Campos, durante entrevista coletiva à imprensa, quando afirmou que os dois estão em lados opostos, mas que ele estava ali pelos interesses de seu município:
— Eu espero que o município possa ser tratado com respeito e dignidade nessa relação. A expectativa é de que as parcerias ocorram de fato, na prática, e não seja apenas um anúncio — disse o prefeito.
Quem tomou as rédeas nas alfinetadas, por parte do governo, foi a vice-governadora Priscila Krause (PSDB), que citou os anos do PSB no poder durante seu discurso.
— Estamos desenvolvendo o protagonismo que nunca deveríamos ter perdido — afirmou.
As falas ocorrem em meio a uma disputa entre o prefeito e a governadora que já tem como pano de fundo as eleições de 2026.
Nos bastidores, a tucana indica que pode deixar o PSDB e ir para o PSD, que integra a base do presidente. Com o desejo de concorrer à reeleição, Lyra também teme ver seus planos prejudicados. Com o declínio do PSDB, ela teria pouco tempo de televisão, principalmente em relação a João Campos, que já está em pré-campanha.
Guerra fria
Ser disputada por dois partidos e ter conseguido eleger 126 prefeitos de sua base no interior do estado são dois fatores que valorizam o passe de Lyra.
Segundo interlocutores do Palácio das Princesas, Lyra entrou no jogo de Campos desde o ano passado, respondendo às provocações dele, que já mostrava o interesse de disputar o governo do estado. Nos papéis de prefeito e governadora, os dois só teriam se reunido sozinhos uma vez.
Além disso, Campos tem dificultado a relação de Lyra com a Assembleia Legislativa. Quando Raquel Lyra foi eleita, ele já havia feito um acordo com o presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB), por cargos na Mesa Diretora.
No início do ano, na sessão que marcou o retorno do Legislativo, o microfone de Porto vazou enquanto ele criticava o discurso de Lyra.
Em contrapartida, Lyra tem atrapalhado o prefeito em sua relação local com o PT, que tem mágoas em relação a Campos. O partido queria a vaga de vice na chapa à reeleição e terminou preterido por Victor Marques (PCdoB), ex-assessor do prefeito.