O corregedor das Comarcas do Interior do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Jatahy Júnior, classificou em entrevista a Camila São José, do Bahia Notícias, a eleição para a vaga de desembargador efetivo do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), realizada nesta quarta-feira (29) pelo Tribunal Pleno do TJ-BA, como uma decisão difícil diante dos “dois excelentes magistrados” que concorreram ao posto. O desembargador Abelardo Paulo da Matta Neto foi eleito com 38 votos, contra 25 do desembargador Raimundo Sérgio Sales Cafezeiro.
Jatahy Júnior apoiou abertamente a candidatura de Abelardo Paulo da Matta Neto e afirmou, ao Bahia Notícias, que a experiência de mais de três décadas do magistrado, que também atuou como juiz eleitoral no interior do estado em Salvador, lhe dá “condições de exercer um excelente mandato lá no TRE”. O corregedor ainda disse esperar que o desembargador eleito honre com a confiança que o TJ-BA depositou nele.
“Todos sabem que a minha opção foi pelo desembargador Abelardo, por ser um magistrado que já vem há mais tempo na carreira da magistratura, mas isso não faz com que eu não enxergue no desembargador Cafezeiro todas as qualidades de um magistrado para ocupar o cargo. Quem sabe em um futuro, inclusive, em um futuro próximo”, comentou.
Após informações de bastidores de possíveis desentendimentos, na avaliação de Jatahy Júnior o TJ-BA deu hoje “um exemplo para sociedade baiana de um tribunal maduro, democrático, onde se tem uma disputa como essa, da importância que é eleger um membro para o Tribunal Regional Eleitoral de forma respeitosa e democrática”.
Relação com Roberto Frank
O desembargador Jatahy Júnior afastou em conversa com Camila São José, sobre qualquer possibilidade de animosidade na relação com o desembargador Roberto Maynard Frank, presidente do TRE-BA.
Ao assegurar que a relação é “excelente”, o corregedor das Comarcas do Interior lembrou que trabalhou junto com Roberto Frank no TRE-BA por quatro anos e que nutre uma “admiração e um carinho muito grande pelo desembargador Roberto”. “E isso só está em rota de crescimento, tenham todos essa certeza”, afirmou.
Jatahy Júnior negou haver estremecimento na amizade diante do apoio de Roberto Maynard Frank à eleição do desembargador Raimundo Sérgio Sales Cafezeiro. “Não, de hipótese alguma, nós somos pessoas adultas, conscientes e cada um fez a sua escolha. […] Isso não faz com que tenha a mínima chance de estremecimento, é meu colega, meu amigo e está de parabéns pelo grande trabalho que tem feito junto ao TRE”, completou.
STJ
Segundo Jatahy Júnior, a eleição para o TRE-BA nada tem a ver ou influenciará na escolha do ministro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). A fala do desembargador contraria informações de bastidores de que a eleição para o Tribunal Regional Eleitoral teria sofrido forte influência diante do interesse de Jatahy Júnior e Roberto Maynard Frank em concorrer ao cargo.
“Nós somos comumente, reiteradamente e recorrentemente chamados a fazer eleição aqui no Tribunal de Justiça. Não tem nada a ver, é tudo mera criatividade de pessoas que talvez não conheçam o tribunal como o tribunal é, não sabe os detalhes aqui”, falou.
O desembargador não confirmou nem descartou a possibilidade de se candidatar à vaga no STJ. Em 2015, o magistrado tentou o posto. “Naquela época eu tinha muito pouco tempo aqui no tribunal, e agora vamos ver… ainda não foram abertas as inscrições. A presidente do STJ ainda não abriu as inscrições, mas isso é futuro, não vamos fazer esse exercício de futurismo. Tudo no seu momento”, comentou.
Embora a incerteza, Jatahy Júnior defendeu que “a Bahia sempre é credora de ter um membro nos tribunais superiores”. Atualmente, o STJ conta apenas com um baiano, o ministro Luís Felipe Salomão, que fez carreira fora do estado.
“Claro que a Bahia, pela importância que tem junto à federação, seria legítimo e com muita justiça que um membro do Tribunal de Justiça fosse alçado para ministro do STJ”, ponderou.