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O líder do governo no Senado, Jaques Wagner - Foto: Renato S. Cerqueira /AE
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quarta-feira 22 de maio de 2024 às 08:04h

Jaques Wagner: Taxação de compras até US$ 50 é controversa para compensar desoneração

DESTAQUE, NOTÍCIAS, POLÍTICA


O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), afirmou que considera a taxação de compras internacionais de até US$ “controversa demais” para servir como compensação dos gastos do governo com a desoneração da folha de pagamentos.

A declaração ocorreu nesta terça-feira (21) em meio a negociações no Senado pela aprovação do projeto que consolida o acordo do governo com o Congresso sobre a desoneração.

Relator do texto, Wagner disse que aguarda o governo informar a fonte de receitas para compensar a desoneração. A expectativa é de que, com essa informação, ele publique o seu parecer na quinta-feira, 23.

A proposta de que a taxação desses bens sirva como compensação para a desoneração consta em um projeto alternativo do senador Angelo Coronel (PSD).

O petista, no entanto, disse não ver como possibilidade que a fonte de compensações seja a taxação de bens importados. O tema está prestes a ser votado na Câmara.

“Eu acho que não, que é uma coisa controversa demais”, declarou Wagner a jornalistas. “A disputa disso está muito mais entre a indústria nacional, querendo se proteger, e a simpatia de 100 milhões de brasileiros que não querem que taxe”, avaliou o senador.

Wagner disse atuar para que o projeto da desoneração vá a votação no Senado na próxima semana. Segundo ele, os senadores podem votar o requerimento de urgência para o projeto ainda nesta semana, mas a expectativa é de que ocorra também na semana que vem.

Lira cita pesquisa e diz que classe alta domina compras internacionais de até US$ 50

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), citou nesta terça-feira, 21, uma pesquisa segundo a qual a maioria dos consumidores de sites asiáticos que seriam atingidos com o fim da isenção para compras no exterior de até US$ 50 são de classe alta. O deputado alagoano também ressaltou que as empresas do varejo brasileiro querem “pé de igualdade” com as estrangeiras.

A taxação dos produtos dessas plataformas internacionais foi incluída no projeto de lei que regulamenta o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), voltado para o setor automotivo, mas enfrenta resistência do PT e de parte do governo Lula, que vê a medida como impopular.

“Tivemos acesso a uma pesquisa da FSB, de um instituto, que demonstra que quase 60% dos consumidores dessas empresas são classe A e B”, disse Lira, a jornalistas. A expectativa é que o Mover entre na pauta de votação do plenário na Câmara nesta quarta-feira, 22.

“Então, essa questão de dizer que são os menos favorecidos que vão perder poder de compras… tem que colocar na balança, manutenção de empregos, a indústria nacional, a concorrência com as empresas nacionais, que não estão pedindo isenção, estão pedindo pé de igualdade. Tudo isso os líderes vão decidir com o relator”, emendou. O texto é relatado pelo deputado Átila Lira (PP-PI).

De acordo com o presidente da Câmara, “dificilmente” o Mover será votado sem a medida que trata das compras internacionais de até US$ 50. Na semana passada, em entrevista exclusiva ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado)>, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro da Indústria, defende a separação dos textos, como pedido pelo PT.

“O Mover tem um impasse. A maioria dos partidos, na reunião que nós tratamos, posicionou-se a favor do texto do relator. O governo e partidos de oposição estão querendo discutir o texto dos US$ 50. O relator ficou de procurar uma solução alternativa de phase out, mas há uma mobilização grande do setor de varejo do Brasil”, disse Lira.

Pressão do varejo

Na semana passada, as varejistas e empresas do setor têxtil nacional elaboraram um manifesto em apoio à medida, que impacta principalmente sites como Shopee e Shein. Nos bastidores, as companhias brasileiras têm ameaçado até deslocar sua produção para o Paraguai caso as plataformas estrangeiras não sejam taxadas.

No manifesto, os varejistas afirmam que a não tributação das compras de pequeno valor dos sites asiáticos está provocando uma “absoluta falta de isonomia tributária”, uma vez que os produtores domésticos pagam impostos próximos a 90% e os importados estão sendo taxados apenas por 17% de ICMS.

Em abril de 2023, o Ministério da Fazenda chegou a anunciar o fim da isenção do imposto de importação para transações entre pessoas físicas, usada pelas plataformas internacionais para não pagar tributos – apesar de serem pessoas jurídicas, essas empresas faziam parecer que o processo de compra e venda ocorria entre pessoas físicas.

No entanto, o Palácio do Planalto voltou atrás na decisão, após repercussão negativa nas redes sociais e apelo da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja.

Com o assunto de volta à pauta, o partido de Lula bateu de frente com o Centrão e defendeu que a medida fosse retirada do projeto do Mover. Inicialmente, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o Planalto não se posicionaria, mas acabou mudando a orientação a pedido do próprio presidente da República.

Os petistas querem emplacar um outro projeto, relatado pelo deputado Paulo Guedes (PT-MG), que trata do mesmo assunto e está parado na Comissão de Finanças e Tributação (CFT). Mais brando, o texto do parlamentar mantém a isenção para produtos abaixo de US$ 50, estipula alíquota de 40% de imposto de importação para itens entre US$ 50 e US$ 100 e de 60% para itens acima de US$ 100.

Pela proposta incluída no Mover, a taxação seria de 60% sobre todos os produtos importados. Outra ideia, apresentada pelo presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), o deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), seria impor alíquota de 45% do imposto de importação sobre as empresas cadastradas no Remessa Conforme, programa criado pela Receita Federal para aumentar o controle sobre as empresas estrangeiras de e-commerce.

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