A confusão em torno da votação da PEC que limita as decisões individuais de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) poderia ter sido ainda pior, diz a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo: senadores do PT chegaram a discutir a liberação da bancada com a sinalização de que Jaques Wagner, líder do governo, votaria a favor da proposta –e contra a Corte.
Diante da possibilidade de mais parlamentares do próprio partido votarem contra o Supremo, como fez Jaques Wagner, outros senadores da base do governo se mobilizaram para evitar uma derrota ainda pior para a Corte.
Eles procuraram a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para que ela entrasse em campo e transmitisse a posição da legenda, abertamente contrária a interferências do legislativo no STF.
Gleisi chegou a telefonar para o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato, para reforçar a posição oficial da legenda.
O PT acabou votando em bloco, dando sete votos a favor do STF. A única exceção foi Wagner, que alegou que seu voto foi “pessoal”. A aprovação da PEC gerou uma crise entre o STF e o Senado que alcançou Lula (PT), por causa do voto de Wagner.
Na manhã de quinta (23), Lula se reuniu privadamente com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Os dois participaram de um encontro mais amplo no Palácio do Planalto com ministros do governo e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). No fim do evento, Lula chamou o magistrado para uma conversa a sós, de meia hora.
Barroso não revelou o teor da conversa nem a interlocutores mais próximos, embora tenha demonstrado que gostou do diálogo.