Nos últimos dias, circulou na imprensa baiana a informação de que ACM Neto teria interesse de filiar o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (ex-PSDB), ao União Brasil e indicá-lo para ser vice de Lula. Em troca, haveria um pacto de não agressão com o ex-presidente. Ou seja, Lula não faria críticas a ACM Neto durante a campanha. Perguntado por jornalistas sobre esse possível acordo, Neto não negou. Além disso, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM/União Brasil), que é um aliado de Neto, declarou que não poderia descartar a hipótese de votar em Lula em 2022.
A avaliação, dentro da base netista, é o jornal Tribuna da Bahia, que em 2002 um acordo entre o ex-senador Antonio Carlos Magalhães e Lula foi fundamental para a vitória de Paulo Souto ao governo da Bahia. Naquele ano, Souto foi eleito governador, e Lula venceu a disputa presidencial tendo tido o maior número de votos na Bahia.
Conforme o senador Jaques Wagner (PT) não acredita em um pacto entre Lula e ACM Neto, e afirmou ainda à Tribuna: “Quem tem o hábito de agredir é o ex-prefeito, que aliás já o fez em várias oportunidades, ele está sem caminho”. Perguntado pela reportagem se o ex-prefeito tem buscado uma aproximação com Lula por falta de um caminho político, Wagner respondeu: “exato”.
Um integrante da cúpula do PT, em conversa reservada, também descartou a hipótese de pacto. Segundo ele, Lula não deixará de “demarcar o campo político” na disputa ao governo da Bahia. O petista afirmou ainda na publicação, que só haverá acordos neste sentido em estados onde o ex-presidente tem mais de dois palanques de aliados. Na avaliação deste aliado de Wagner, “Lula tem na Bahia um palanque para vitória e não tem motivo para mudar a tática”.
Como forma de evitar um impacto de Lula na Bahia, ACM Neto tem evitado entrar em embate com o ex-presidente. Tem dito ainda que fará uma campanha estadualizada, sem entrar em temas nacionais. Em entrevista à rádio Metrópole nesta semana, o ex-prefeito ainda chegou a lembrar do episódio em que ameaçou “dar uma surra” em Lula, quando era deputado federal. Neto afirmou que hoje não daria essa declaração porque está “maduro”.
“Eu tenho mais de 20 anos de vida pública. Eu já aprendi muito. Eu já tive aquela minha fase de deputado muito jovem, recém estreante, que era duro, radical, que subiu na tribuna da Câmara para dizer que ia dar uma surra no ex-presidente. Isso foi uma fase, quando eu tinha 20 poucos anos. De lá para cá, eu amadureci muito”, pontuou.