terça-feira 19 de novembro de 2024
Impressão artística do módulo SLIM cruzando a superfície lunar. — Foto: JAXA/Divulgação
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sexta-feira 19 de janeiro de 2024 às 07:15h

Japão pode se tornar hoje quinto país a pousar na Lua

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O Japão tenta chegar à Lua nesta sexta-feira (19). E, se tudo der certo com o SLIM (módulo de pouso inteligente para investigar a Lua, na sigla em inglês), a missão será histórica.

Isso porque o país pode se tornar a 5ª nação do mundo a pousar no nosso satélite natural. Até então, somente os Estados Unidos, a antiga União Soviética, a China e a Índia já alcançaram esse marco.

Segundo a Jaxa, a Agência Espacial Japonesa, a alunissagem (termo para um pouso lunar) está programada para acontecer às 12h20 no horário de Brasília.

E as expectativas da agência são altas, pois a a missão vai determinar a capacidade do país de realizar um pouso de alta performance na superfície lunar (entenda mais abaixo).

Apelidado de Moon Sniper (Atirador Lunar), o módulo do Japão vai tentar fazer nesta sexta o “pouso mais preciso” até ao momento já feito na Lua. Vai ser na cratera Shioli, perto do equador do nosso satélite natural.

Lançamento do foguete H-IIA, em 7 de setembro de 2023, com o módulo de pouso lunar SLIM, em 7 de setembro de 2023, do Centro Espacial Tanegashima, numa ilha ao sul do Japão. — Foto: STR/JIJI Press/AFP

Se der certo, esse vai ser outro marco importante para o país. Pois pousar no solo lunar é uma tarefa muito díficil, ainda mais com tanta precisão como almeja o Japão.

A expectativa da Jaxa é fazer um pouso num local com apenas 100 metros de diâmetro, numa região próxima de encostas.

A título de comparação, pousos mais convencionais têm uma precisão de poucos a dezenas de quilômetros, algo que limita a exploração em locais específicos, com bastantes rochas, por exemplo.

O sucesso dessa missão assinalaria a transição de uma era de “aterrissar onde pudermos” para uma era de “aterrissar onde quisermos” em futuras missões lunares, disse a Jaxa em um comunicado.

’20 minutos de terror’

O SLIM tem cerca de 1,7 metro de largura, 2,7 metros de comprimento e 2,4 metros de altura. Ou seja, é bem compacto. Por isso, a brincadeira com o seu nome em inglês (um acrônimo que quer dizer magro).

Mas, apesar do seu tamanho diminuto, o seu pouso pode trazer alguns desafios.

Ao meio-dia no horário de Brasília, o módulo começará sua trajetória de decidia acionando seus “olhos inteligentes”, um sistema que utiliza algoritmos, imagens e mapas pré-carregados na sonda para determinar exatamente onde ela está acima da superfície lunar.

Isso é crucial já que o terreno de pouso é bem inclinado, e a missão precisa evitar obstáculos, como rochas. (Veja na imagem abaixo.)

“A perspectiva é a de que o início da desaceleração até o pouso na superfície lunar seja um angustiante período de 20 minutos de terror, deixando todos sem fôlego”, disse Kushiki Kenji, Gerente de Subprojeto da missão.

“Erros acontecem, mas o Japão é uma potência espacial muito experiente – conduziu operações espaciais muito complicadas durante muitos anos”, disse à Reuters Bleddyn Bowen, professor associado da Universidade de Leicester especializado em política espacial.

Como será o pouso do módulo. — Foto: JAXA/Divulgação

Como será o pouso do módulo. — Foto: JAXA/Divulgação

 Após o pouso, a Jaxa levará cerca de um mês para verificar se o SLIM alcançou os seus objetivos de alta precisão.

Além disso, a sonda irá desacoplar dois mini-robôs, um veículo saltador do tamanho de um forno de micro-ondas e um rover do tamanho de uma bola de beisebol, desenvolvidos em colaboração com a gigante de tecnologia Sony.

Estes dispositivos serão responsáveis por capturar imagens do módulo, proporcionando uma nova perspectiva da superfície lunar.

Corrida lunar

Essa não será a primeira vez que o Japão tenta chegar à Lua. No começo do ano passado, uma sonda da empresa japonesa ispace tentou fazer uma alunissagem, mas perdeu a comunicação minutos antes de completar o feito.

Caso o pouso tivesse dado certo, a ispace se tornaria a primeira companhia privada a pousar uma sonda na Lua, o que não ocorreu.

Também em 2023, a Índia fez uma tentativa, mas, desta vez, depois de alguns fracassos, bem-sucedida. Já este ano, o módulo Peregrine, que poderia ser o primeiro dos Estados Unidos a fazer um pouso suave na Lua desde 1972, também tentou um pouso, mas não conseguiu por causa de um vazamento de combustível.

E toda essa corrida tem uma explicação: facilitar o acesso aos recursos naturais e científicos que estão orbitando a 384.400 km de distância da Terra.

O polo sul da Lua, por exemplo, – longe da região equatorial alvo da Slim – está cheio de crateras e trincheiras profundas, mas é bastante visado devido a várias razões científicas e exploratórias.

Isso porque as regiões polares da Lua têm crateras permanentemente na sombra, onde as temperaturas são extremamente baixas, permitindo que o gelo de água se acumule e permaneça estável ao longo do tempo.

E a Nasa já confirmou que há água nesse estado nas partes iluminadas e sombreadas da lua, mas sua origem ainda é algo que intriga os cientistas. Impactos de cometas antigos e atuais, micrometeoritos gelados e interações com o vento solar são algumas das hipóteses levantadas.

Se a água em forma de gelo existir em quantidades suficientes, ela poderia ser uma fonte de água potável para exploração lunar e ajudar a resfriar equipamentos.

Também o gelo poderia ser decomposto para produzir hidrogênio como combustível e oxigênio para respirar, apoiando missões a Marte ou mineração lunar.

Aqui é importante lembrar que isso pode parecer papo de ficção científica nos dias de hoje, mas a exploração da Lua e de outras regiões do espaço é algo que vem sendo discutido seriamente.

Um exemplo disso são as missões Artemis, dos Estados Unidos, que visam principalmente explorar o nosso satélite natural. Mas os objetivos de longo prazo da Nasa são ainda mais ambiciosos. No futuro, a agência espera que o programa ajude no desenvolvimento da ciência astronômica que permitirá a exploração humana de Marte.

E missões lunares como essa do Japão oferecem uma oportunidade perfeita para a testagem de ferramentas, equipamentos e tecnologias que podem ser úteis numa viagem tripulada ao planeta vermelho.

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