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segunda-feira 27 de março de 2023 às 05:11h

Jantares, lançamentos de livros e visitas: vaga no STF exige de candidatos agenda social intensa

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Jantares com nomes influentes do meio jurídico, convescotes com autoridades e conversas ao pé de ouvido com senadores. Além de idade mínima de 35 anos, reputação ilibada e notório saber jurídico, interessados numa vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) precisam ter bons relacionamentos em Brasília para fazer campanha de sucesso. Com a perspectiva de duas novas indicações para a Corte nos próximos meses, sendo uma em maio, com a aposentadoria compulsória do ministro Ricardo Lewandowski, e outra em outubro, com a saída também obrigatória de Rosa Weber, as candidaturas ao STF movimentam a capital.

Embora as movimentações para as próximas indicações do presidente Lula aconteçam desde o final do ano passado, nos últimos dois meses os trabalhos em favor das candidaturas ganham força e corpo nos ambientes do poder. Hoje os principais concorrentes ao lugar de Lewandowski são o advogado do petista, Cristiano Zanin, de 47 anos, e o advogado e ex-secretário-geral do STF Manoel Carlos de Almeida Filho, preferido do ministro. Outros aparecem por fora, como o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, e os juristas Pedro Serrano e Pierpaolo Bottini.

Manda o figurino que o postulante à Corte reforce a ida a jantares, geralmente em restaurantes frequentados pelo poder; aumente a presença em coquetéis e lançamentos de livros. Nos últimos dias, foram prestigiados por mais de um candidato, por exemplo, o evento da obra escrita por Lewandowski e por Pierpaolo Bottini, na sede das Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), assim como a reunião para a divulgação dos volumes escritos pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por uma editora jurídica no Lago Sul, bairro nobre. Na ocasião, candidatos se esbarravam entre um cumprimento e outro.

Os jantares nas casas de personalidades do meio jurídico também são indispensáveis. O último happening aconteceu na última terça-feira, na casa do advogado Nelson Willians, que reuniu de Zanin, que nos últimos dias se mantém mais recluso, a ex-membros do STF e ministros do governo. Também são tradicionais as reuniões promovidas pelo criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que em jantares já levou a desembargadora do Tribunal Regional Federal da 2ª Região Simone Schreiber, nome forte para a vaga de Rosa, e Manoel Carlos.

Alguns personagens-chave do mundo político-jurídico precisam ser procurados. É de bom-tom que interessados no STF falem com o ex-presidente José Sarney, um oráculo dos Poderes. Para a atual disputa, são considerados nomes de obrigatório contato a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, o ministro da Justiça, Flávio Dino e o chefe da AGU, Jorge Messias. Um giro pelo Senado também é mandatório.

Professor de Direito Constitucional da FGV, Joaquim Falcão avalia que falta, nessas campanhas, maior foco nos currículos dos indicados e sua atuação jurídica.

— Deveria haver audiências públicas e, como em outros países, a apresentação antecipada do currículo — afirma.

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