Lideranças da Câmara dos Deputados e do Senado voltaram nesta semana a seus redutos eleitorais diante do fim da janela partidária na sexta-feira (5), prazo limite para que vereadores que querem concorrer às eleições municipais deste ano troquem de partido sem risco de perder o mandato.
O período é importante para as legendas na busca de fortalecimento nos estados, para ampliar a quantidade de prefeituras e também consolidar estratégias de longo prazo, de olho em futuras eleições. As movimentações são intensas entre todos os partidos, de lulistas a bolsonaristas.
O pleito municipal exerce influência direta no cotidiano parlamentar. Boa parte dos membros do Congresso, especialmente da Câmara, conta com o apoio de prefeitos para seus planos eleitorais. A maioria dos 513 deputados, por exemplo, se declara municipalista e, ao longo dos mandatos, busca atender aos pedidos de aliados nos estados.
Além disso, muitos parlamentares são dirigentes estaduais de seus partidos e, por isso, se deslocam a seus redutos nesse processo. Alguns deles, inclusive, são pré-candidatos a prefeituras.
Para que os deputados pudessem intensificar as negociações em torno de filiações, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), firmou um acordo com os líderes da Casa para que não houvesse sessões nesta semana. As reuniões das comissões permanentes também foram canceladas.
O Senado, por sua vez, tem realizado sessões semipresenciais, quando parlamentares não precisam necessariamente estar fisicamente no plenário para as votações, além de audiências nas comissões.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do PP, disse à reportagem que o partido prioriza todos os estados brasileiros nessa janela partidária e que o objetivo é conquistar mais prefeituras.
“Na eleição passada, quase nos tornamos o maior partido, perdemos para o MDB por pouco. Agora, nosso foco é ficar em primeiro lugar nessa eleição. Estamos tendo crescimento em todos os estados”, afirma ele.
O PP é um dos partidos fortes do centrão e foi base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), diz que não há uma atenção específica do partido para algum estado ou município nessa janela. Ao ser questionada se há uma influência da figura de Lula (PT) nesse processo de filiações, ela afirma que “obviamente é um chamariz, mas filiar sem critério não nos fortalece”.
Para ela, o momento é de articulações com objetivos a longo prazo. “Já vivemos uma situação dessa no passado. Nas primeiras dificuldades as pessoas deixaram o partido. Queremos ampliar nossa relação com aliados para termos caminhadas duradouras”, diz.
Presidente do MDB, o deputado Baleia Rossi (SP) reconhece que há uma influência de quadros nacionais da legenda nesse processo, mas diz que as lideranças estaduais, como os parlamentares, acabam tendo um peso maior neste momento.
“O MDB trabalha muito com as realidades dos estados. Os deputados federais, senadores e deputados estaduais são quem acabam organizando o partido”, diz.
Nas redes sociais, lideranças do Congresso (de partidos da direita à esquerda) publicaram registros de eventos de filiação dos quais participaram nesta semana.
Líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), por exemplo, publicou na segunda-feira (1º) fotos de encontro com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), na sede do diretório estadual do partido. “A direita está unida no Rio de Janeiro, trabalhando em conjunto para eleger nossos prefeitos e vereadores”, escreveu.
O deputado Gervásio Maia (PSB-PB), líder da sigla na Câmara, também compartilhou fotos de eventos de filiação. “Acreditamos na garra e na determinação dos novos filiados. O Partido Socialista está cada vez mais forte”, disse.