A Polícia Civil do Distrito Federal apreendeu no apartamento de Jair Renan Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, um relógio de pulso que leva a marca Rolex. Os peritos analisam se a marca da peça é autêntica. Investigadores suspeitam que o item seja uma réplica.
Procurado, o advogado Admar Gonzaga, que defende Jair Renan, afirmou que o relógio é uma cópia que não foi comprada por ele, mas dada por um amigo como “zoação”.
O relógio de Jair Renan foi apreendido em agosto, quando os policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão nos endereços do filho de Bolsonaro no âmbito de uma investigação sobre um suposto esquema de falsificação de documentos para a obtenção de vantagens financeiras. Quando a operação foi deflagrada, a defesa de Jair Renan afirmou em nota que seu cliente estava “surpreso”, mas “absolutamente tranquilo com o ocorrido”.
Em um documento com a relação dos objetos apreendidos pelos policiais durante a operação, o relógio é descrito como “aparentemente da marca Rolex, nas cores prata, branca e azul”. O item estava “acondicionado em uma caixa verde com o símbolo da marca em dourado (coroa) com um cartão verde com as inscrições ROLEX Serial Model”. A peça foi localizada pelos investigadores no apartamento do ex-presidente, onde Jair Renan foi morar logo quando se mudou para Brasília.
A apreensão do relógio no endereço onde morava Jair Renan não tem qualquer relação com outro inquérito que investiga se o seu pai tentou vender um Rolex verdadeiro recebido da Arábia Saudita durante viagem oficial.
No endereço em Balnerário Camboriú (SC), onde o filho do ex-presidente mora desde março e trabalha como assessor do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC), a polícia apreendeu um celular, um HD, um contrato de locação de imóvel e um papel com a anotação “principais opositores do senador Seif…”.
A principal suspeita da Polícia Civil em relação a Jair Renan é que ele e um ex-assessor usaram um documento com informações falsas de uma empresa que pertenceu ao filho do ex-presidente para obter um empréstimo bancário que não foi pago.
As suspeitas recaem sobre uma declaração de faturamento de R$ 4,6 milhões da Bolsonaro JR Eventos e Mídia, entre julho de 2021 e julho de 2022, à época em nome do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A declaração de faturamento da empresa foi apreendida com o ex-assessor de Jair Renan em uma operação anterior da Polícia Civil do Distrito Federal. Segundo as investigações, o documento foi apresentado como forma de conseguir a liberação de um empréstimo bancário, que não foi quitado até hoje.
A Polícia Civil pediu à 5ª Vara Criminal de Brasília a quebra de sigilo fiscal e bancário da firma para descobrir se as informações foram infladas com o objetivo de enganar o banco.
Uma das linhas de defesa dos investigados será argumentar que o documento apreendido era, na verdade, apenas uma declaração com a “estimativa de faturamento” da empresa, elaborada para fins lícitos, e que a projeção de ganhos não se concretizou.
A polícia também investiga a transferência de propriedade da Bolsonaro JR Eventos e Mídia para um empresário do ramo de tiro esportivo. Em março deste ano, a empresa deixou de ser de Jair Renan e foi transferida por meio de uma doação. A defesa dos suspeitos alega que a transação foi lícita.