Você sabe o que é osteoartrite? Essa doença reumática é também conhecida popularmente como artrose ou osteoartrose. Muitas pessoas acreditam que se trata de um processo natural do envelhecimento. No entanto, a osteoartrite é uma doença causada pela insuficiência de cartilagem no corpo, acarretando em alterações nos membros acometidos.
Um levantamento do Colégio Americano de Reumatologia, publicado no periódico Arthritis & Rheumatology, revelou um crescimento no número de casos no mundo.
Segundo o estudo, realizado com base em dados que cobrem o período entre 1990 e 2019, houve uma alta global de casos de 113,25% no período estudado. O salto foi de 247,5 milhões, em 1990, para quase 528 milhões em 2019.
No Brasil, estima-se que cerca de 12 milhões de brasileiros tenham osteoartrite, o equivalente a 6,3% da população adulta. A prevalência aumenta entre idosos: depois dos 65 anos, 85% apresentam evidência radiológica da doença.
O impacto causado pela doença na vida do indivíduo é significativo, considerando que a osteoartrite leva a incapacidade de exercer atividades do dia a dia, ausências no trabalho e perda da qualidade de vida. Por isso, reconhecer os sintomas da doença e buscar um tratamento adequado é fundamental. Confira!
O que é osteoartrite?
A osteoartrite também recebe nomes como osteoartrose, artrose ou doença articular degenerativa. Essa doença é a mais frequente entre as reumatológicas, representando cerca de 30 a 40% das consultas em consultórios de reumatologia.
A osteoartrite é degenerativa, ou seja, que deteriora a saúde de forma progressiva. Costuma atingir mais mulheres, afetando comumente locais como mãos e joelhos. Já no sexo masculino, as áreas atingidas são da articulação coxofemoral (do fêmur com a bacia).
Com o passar dos anos, os índices de osteoartrite aumentam, sendo pouco comum antes dos 40, e mais frequente após os 60. Em pessoas com 75 anos, pelo menos 85% apresenta evidência radiológica ou clínica da doença.
No entanto, somente 30 a 50% dessas pessoas queixam-se de dor crônica. A osteoartrite se caracteriza pelo desgaste da cartilagem e por alterações ósseas. Entre essas alterações, estão os osteófitos, conhecidos popularmente por bicos de papagaio.
A doença é dividida em primária (sem causa conhecida) ou secundária (com causa conhecida). As causas podem ser inúmeras, desde defeitos articulares, joelhos com desvio de direção e até mesmo alterações do metabolismo.
A idade também tem uma participação importante, principalmente em apresentações clínicas, como nódulos dos dedos das mãos, chamados por nódulos de Heberden (na junta da ponta dos dedos) ou Bouchard (na junta do meio dos dedos).
Sintomas da osteoartrite
Os sintomas da osteoartrite são desenvolvidos gradualmente e afetam uma ou algumas articulações a princípio. Articulações dos dedos, base dos polegares, pescoço, região inferior das costas, dedões dos pés, quadris e joelhos são as áreas comumente afetadas.
A dor dessa doença é descrita como profunda, sendo o primeiro sintoma apresentado. Quando acontece em articulações que suportam o peso do corpo, é geralmente agravada por atividades que envolvem a sustentação, como manter-se em pé.
Em algumas pessoas, a articulação envolvida fica rígida após o sono ou inatividade. No entanto, a rigidez normalmente desaparece dentro de 30 minutos, especialmente quando a articulação é movida.
Conforme a doença provoca mais sintomas, as articulações podem ter a mobilidade diminuída, sem ter capacidade para se estender ou flexionar totalmente. As articulações podem sofrer aumento com o crescimento de novos ossos e outros tecidos.
Além disso, irregularidades na superfície da cartilagem podem causar ruídos de raspagem, rangido e crepitação durante a movimentação. O crescimento ósseo comumente se desenvolve nas articulações mais próximas à ponta dos dedos, chamados nódulos.
Como é o diagnóstico da osteoartrite?
O médico realiza o diagnóstico da osteoartrite baseando-se nos sintomas característicos, exame físico e de sangue, bem como em achados por meio de radiografias das articulações. Contudo, as radiografias podem não ser muito úteis para a detecção precoce da doença, visto que não mostram alterações na cartilagem, local onde as primeiras anormalidades ocorrem.
Ainda, as alterações na radiografia geralmente não correspondem aos sintomas apresentados pela pessoa. Ou seja, uma radiografia pode mostrar apenas uma pequena alteração em um indivíduo com sintomas graves, ou então pode apresentar inúmeras alterações em uma pessoa com poucos ou nenhum sintoma.
Já o exame de ressonância magnética pode revelar alterações precoces na cartilagem, ainda que seja raramente necessária para o diagnóstico. Não existem exames de sangue para diagnosticar a osteoartrite. Contudo, eles podem ajudar a descartar outras doenças com sintomas similares, como a artrite reumatoide, por exemplo.
Caso a articulação esteja inchada, o médico pode injetar um anestésico na área e inserir uma agulha, de modo a coletar uma amostra do líquido articular. Esse líquido também pode ser examinado para diferenciar a osteoartrite de outras doenças articulares comuns, como infecção e gota.
Como tratar a osteoartrite?
Visto que a osteoartrite é uma doença degenerativa, seu tratamento envolve o controle dos sintomas e alternativas que ajudem a recuperar a perda de mobilidade causada pela doença e manter a flexibilidade da articulação. Esses objetivos podem ser alcançados por meio de medicamentos, medidas físicas, como exercícios para força, flexibilidade, resistência e reabilitação e, em último caso, cirurgia.
Medicamentos
Os medicamentos usados para tratamento da osteoartrite servem para complementar os exercícios e fisioterapia. As drogas podem ser utilizadas combinadas ou isoladamente, sem alterar diretamente o curso da doença. Os medicamentos são usados como forma de reduzir os sintomas e, assim, permitir que a pessoa possa realizar atividades diárias normais.
Medidas físicas
Com exercícios adequados para o tratamento da osteoartrite, como exercícios de alongamento, fortalecimento e postura, é possível manter a cartilagem saudável, aumentar a amplitude dos movimentos da articulação e, principalmente, fortalecer os músculos que a envolve, para que possam absorver melhor o esforço.
O exercício pode também retardar o agravamento da doença no quadril e no joelho. Os médicos recomendam que pessoas que sofrem com a osteoartrite se exercitem na água, para poupar as articulações do esforço.
As atividades devem ser equilibradas com alguns minutos de descanso quando as articulações estão doloridas, mas a imobilização da articulação tende a agravar a doença, e não aliviá-la. O uso de cadeiras, poltronas, colchões e assentos excessivamente macios pode piorar os sintomas da osteoartrite.
É importante evitar o uso de travesseiros sob os joelhos ao deitar, porque isto pode causar a rigidez dos músculos do quadril e joelhos. Em geral, se recomenda o uso de assentos erguidos, cadeiras de encosto reto, colchões firmes e placas na cama, assim como sapatos que ofereçam bom suporte ou calçados esportivos.
Para pessoas que sofrem com a osteoartrite da coluna, exercícios específicos podem ajudar, sendo necessário o uso de coletes ortopédicos para as costas quando a dor é grave. As atividades devem incluir exercícios para o fortalecimento muscular e exercícios aeróbicos de baixo impacto, como caminhadas, natação e bicicleta estacionária. Se possível, as pessoas são incentivadas a manter as atividades diárias normais, continuando a exercer suas obrigações normalmente, como divertir-se e trabalhar.
Contudo, as atividades físicas precisam ser ajustadas para evitar flexão e agravamento da dor da osteoartrite. Outras formas adicionais que podem ajudar a aliviar a dor de quem convive com a osteoartrite, são:
Fisioterapia,
Terapia com calor, como compressas quentes;
Terapia ocupacional;
Exercícios para amplitude de movimento na água melhorando a função muscular, reduzindo a rigidez e o espasmo muscular;
Frio pode ser aplicado para reduzir a dor causada pela piora temporária em uma articulação;
Palmilhas (órteses), sapatos de apoio ou calçados esportivos;
Equipamentos especiais, como bengalas, muletas, andadores, colar cervical ou tensor elástico nos joelhos, protegendo as articulações do uso excessivo;
Perda de peso, ajudando a aliviar alguma pressão sobre as articulações;
Estimulação elétrica, como a estimulação elétrica transcutânea do nervo;
Acupuntura;
Massagem e tratamento térmico profundo com diatermia ou ultrassonografia.