A coalizão governista do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e líderes da oposição chegaram a um acordo para criar um governo de emergência de unidade nacional nesta quarta-feira (11).
Em um comunicado conjunto, Netanyahu e Benny Gantz, chefe do partido Azul e Branco que serviu como premiê rotativo de Israel entre 2020 e 2021, anunciaram o acordo.
O principal elemento do pacto foi a criação de um “gabinete de gestão da guerra”, que será composto por Gantz, Netanyahu e pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant. A declaração afirma ainda que o governo de unidade não aprovará nenhuma política ou lei não relacionada à guerra contra o Hamas.
Não ficou claro qual será o papel dos atuais parceiros de coalizão de Netanyahu, uma plataforma dos três partidos de extrema direita e ultraortodoxos – Sionista Religioso, Força Judaica e Noam – no governo emergencial. De acordo com o jornal israelense Haaretz, informou que o ex-chefe de gabinete das Forças de Defesa de Israel (FDI), Gadi Eizenkot, e o ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, servirão como observadores.
Nos últimos meses, Israel se viu no epicentro de uma das maiores crises políticas das últimas décadas, com uma onda de protestos contra a reforma do Judiciário proposta pelo governo de Netanyahu, para promover o controle político do sistema judicial.
Críticos, tanto nas ruas quanto opositores no parlamento israelense, o Knesset, caracterizaram a iniciativa como uma espécie de “golpe” que minaria o sistema de pesos e contrapesos garantidores da democracia israelense. Enquanto isso, Netanyahu e seus aliados acusaram os barulhentos manifestantes de colocarem em perigo a coesão nacional.
O anúncio do governo de unidade com a oposição ocorre em um momento em que Israel intensifica seus ataques a Gaza, em retaliação ao ataque sem precedentes do grupo terrorista Hamas.
O conflito matou pelo menos 1.200 israelenses, muitos deles civis, e abalou a confiança do país. As autoridades do país prometeram uma “vingança dura”, e iniciaram um cerco total à Faixa de Gaza, cortando o acesso à água, combustível e eletricidade aos 2,3 milhões de palestinos que lá vivem.
Grupos de direitos humanos afirmaram que privar uma população de necessidades básicas é um crime de guerra. Enquanto isso, os ataques aéreos israelenses contra Gaza mataram pelo menos 1.055 pessoas e deixaram 5.184 feridos, segundo autoridades palestinas.