Ao menos dez bombardeios sacudiram capital do Líbano. Ofensiva fecha vital ponto de travessia na fronteira sírio-libanesa. Aiatolá Khamenei diz em sermão que Israel é “inimigo comum” de todas as nações muçulmanas. Israel realizou uma série de bombardeios a supostos alvos do grupo xiita Hezbollah no sul de Beirute na madrugada de quinta para sexta-feira (4), além de cortar uma importante via de ligação na fronteira do Líbano com a Síria.
Os ataques aéreos ocorreram depois de as Forças Armadas de Israel alertarem a população das comunidades no sul do Líbano para que deixassem a região. A área atingida estava fora da zona neutra delineada pela ONU.
A Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou a ocorrência de mais de dez ataques aéreos consecutivos na região na noite de quinta-feira. Os militares israelenses não esclarecerem quais seriam os alvos alvejados.
O Exército israelense iniciou na última terça-feira um incursão militar por terra ao território libanês, que enfrenta a resistência de combatentes do Hezbollah em uma faixa próxima à fronteira dos dois países.
Ataque na fronteira com a Síria
Um bombardeio israelense a uma rodovia levou ao fechamento de um movimentado ponto de travessia da fronteira entre o Líbano e a Síria em Masnaa.
O portal de notícias sírio pró-governo Dama Post informou que aviões israelenses dispararam dois mísseis e danificaram a estrada entre Masnaa, no Líbano e Jdeidet Yabous, na Síria. No dia anterior, um porta-voz do Exército israelense disse que o Hezbollah estaria tentando utilizar essa via para o transporte de equipamentos militares através da fronteira.
O Hezbollah recebe grande parte de seu arsenal fornecido pelo Irã através da Síria. O grupo xiita mantém sua presença no país vizinho, onde seus combatentes atuam ao lado das tropas do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Nas últimas duas semanas, desde o recrudescimento do confronto entre Israel o Hezbollah, dezenas de milhares de pessoas utilizaram a travessia de fronteira em Masnaa para chegar até a Síria.
As autoridades libanesas registraram a passagem de 256.614 sírios e 82.264 libaneses para o território sírio entre 23 de setembro – dia em que Israel deu inicio aos bombardeios no sul do Líbano – e 30 de setembro.
O Ministério da Saúde do Líbano afirma que mais de 2 mil pessoas morreram no país desde 23 de setembro em consequência dos ataques israelenses.
Khamenei: Israel “inimigo comum”
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, realizou seu primeiro sermão público em cinco anos para milhares de fiéis reunidos para as preces de sexta-feira em Teerã.
Em seu discurso, Khamenei justificou os atentados de 7 de outubro do ano passado e o ataque iraniano ao território israelense nesta semana ao descrever Israel como o “inimigo comum” das nações muçulmanas.
“A operação de nossas Forças Armadas há algumas noites foi completamente legal e legítima”, afirmou. Sobre os próximos passos, o aiatolá disse que “tomará as ações necessárias” após consultas junto às autoridades políticas e descartou quaisquer “decisões impulsivas”.
A multidão em Teerã portava bandeiras palestinas e libanesas e retratos dos líderes dos países do chamado “Eixo da resistência” mortos nos ataques israelenses.
Ministro iraniano em Beirute
O ministro do Exterior do Irã, Abbas Araghchi, chegou nesta sexta-feira a Beirute, onde discutirá a crise Israel-Hezbollah com autoridades do governo libanês.
A visita de Araghchi ocorre dias após o Irã lançar ao menos 180 mísseis contra alvos em Israel em resposta ao assassinato de Ismail Haniyeh, líder político do grupo radical Hamas morto em julho em Teerã; e às mortes do líder do Hezbollah Hassan Nasrallah e do comandante de operações da GRI Abbas Nilforoushan em um bombardeio israelense em Beirute.
O Irã é o maior apoiador do Hezbollah, tendo fornecido bilhões de dólares em armamentos ao grupo xiita.
A mais recente onda de agressões entre Israel e o Hezbollah teve início no dia seguinte ao ataque do Hamas em Israel, em 7 de outubro do ano passado, que matou mais de 1.200 pessoas e gerou uma forte reação israelense, com bombardeios sucessivos e ataques por terra na Faixa de Gaza.
A ofensiva israelense já deixou mais de 41 mil mortos no enclave palestino, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas.