A pé, de carro, em motos e caminhões, levando vacas e camelos, centenas de famílias deixaram o norte de Gaza nesta sexta-feira (13), conforme agências internacionais e a GloboNews, depois que Israel ordenou a retirada de 1,1 milhão de pessoas para o sul da cidade, antes de uma possível incursão terrestre do Exército no enclave palestino. O movimento em massa de civis é caótico e extremamente perigoso, já que é feito por apenas uma estrada, em uma das regiões mais densamente povoadas da Cidade de Gaza. O Hamas rejeitou o ultimato e pediu para que os palestinos “se mantenham firmes”.
A ordem de retirada inclui toda a Cidade de Gaza e dois grandes campos de refugiados, Jabalya e Beach. Também inclui as cidades de Beit Hanoun e Beit Lahia, ambas adjacentes ao principal ponto de passagem de Erez, no extremo norte da Faixa de Gaza.
Apena na capital, Cidade de Gaza, vivem cerca cerca de 700 mil pessoas — quase metade da população tem menos de 18 anos. Jabalya, o maior campo de refugiados da Faixa de Gaza, tem 116 mil habitantes, e outras 90 mil pessoas vivem no Beach. No total, há pelo menos seis hospitais na região.
Nesta sexta, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Daniel Hagari, afirmou que os militares estão cientes de que a retirada levará algum tempo. O combustível é escasso e as ruas da Cidade de Gaza estão cheias de escombros após os ataques aéreos israelenses dos últimos dias — e ainda não há sinais de que eles tenham sido interrompidos.
— Esta é uma zona de guerra, estamos tentando lhes dar tempo e entendemos que não levará 24 horas — disse à BBC.
O Hamas ordenou categoricamente a ordem de retirada: “Nosso povo palestino rejeita a ameaça dos líderes da ocupação (israelense) e seus apelos para que deixem suas casas e fujam para o sul ou para o Egito”, afirmou o grupo terrorista em comunicado.
O porta-voz do braço militar do Hamas, a Brigada al-Qassam, instou os moradores de Gaza a “se manterem firmes”. Em uma declaração que foi transmitida pela rede al-Jazeera, Abu Obaida dirigiu-se aos palestinos que vivem em Gaza, e disse que os alertas de Israel eram uma “guerra psicológica” destinada “a criar uma falsa imagem de vitória”.
Já o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, comparou o deslocamento em massa de civis ao exílio de 1948. “Esta seria uma segunda Nakba (catástrofe em árabe) para o nosso povo”, disse Abbas em um comunicado publicado pela Wafa, a agência oficial de notícias palestina.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa) afirmou que a ordem de Israel é “horrenda”.
— Isso só causará níveis de miséria sem precedentes e empurrará ainda mais a população de Gaza rumo ao abismo — disse o chefe da Unrwa, Philippe Lazzarini.