Um juiz federal de Nova York condenou à prisão perpétua Juan Antonio “Tony” Hernández, irmão do presidente de Honduras, por tráfico de quase 200 toneladas de drogas para os Estados Unidos.
A sentença nesta terça-feita (30) conclui um julgamento de duas semanas de 2019, no qual Tony Hernández, ex-congressista hondurenho de 42 anos, foi considerado culpado de todas as quatro acusações, incluindo tráfico de drogas para os Estados Unidos, perjúrio e porte de armas de fogo.
Ao longo do processo, os promotores do Distrito Sul de Nova York defenderam ao juiz Kevin Castel, do Tribunal Federal de Manhattan, que o presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, foi o seu parceiro no comércio internacional de cocaína.
“O réu era um congressista hondurenho que, junto com seu irmão Juan Orlando Hernández, desempenhou um papel de liderança em uma violenta conspiração para o tráfico de drogas patrocinada pelo Estado”, escreveram os promotores ao juiz.
Durante o julgamento, a promotoria acrescentou que Tony Hernández operou “com total impunidade” graças à proteção de seu irmão, contribuindo para a “podridão” das instituições hondurenhas. Apesar disso, Juan Orlando Hernández não foi formalmente acusado.
O presidente de Honduras nega todas as acusações, diz que lutou contra o narcotráfico e que traficantes de drogas que colaboram com a Justiça dos Estados Unidos buscam vingança. O presidente diz ter em sua posse transcrições de gravações feitas pela agência antidrogas americana (a Drug Control Administration, DEA) em 2013 nas quais traficantes de drogas que hoje o acusam afirmam que não faziam negócios com ele.
Os promotores exigiam a prisão perpétua, ressaltando que Hernández “não demonstrou nenhum remorso”, enquanto a defesa pedia a pena mínima obrigatória de 40 anos.