Fotógrafa foi detida após tirar foto de pais da jovem. Repórter, após escrever sobre o funeral da mulher de 22 anos, morta em custódia policial por não usar o véu islâmico do modo determinado pelo regime. Duas jornalistas iranianas, presas por terem contribuído para tornar pública a morte sob custódia policial da jovem Jina Mahsa Amini, em setembro do ano passado, foram condenadas à prisão, anunciou a mídia oficial neste domingo (22/10).
Elaheh Mohammadi foi condenada a seis anos de prisão por alegada colaboração com os Estados Unidos, cinco anos por conspirar contra a segurança nacional e um ano por propaganda contra a República Islâmica, segundo a agência judicial Mizan Online.
Já a fotojornalista Niloufar Hamedi foi condenada a sete anos de prisão por também alegadamente cooperar com Washington, cinco por conspirar contra a segurança nacional e um por fazer propaganda contra o governo islâmico, acrescentou a mesma fonte. Hamedi foi a primeira pessoa a relatar a morte de Amini.
Presas por cobrirem caso Amini
Mohammadi, de 36 anos, repórter do diário Ham Mihan, e Hamedi, de 31, e fotógrafa do jornal Shargh, estão detidas desde setembro do ano passado na prisão de Evin, em Teerã, e os seus julgamentos começaram em maio.
De acordo com a agência de notícias Reuters, Hamedi foi detida depois de tirar uma fotografia dos pais de Amini abraçados em um hospital em Teerã, onde a filha estava em coma, e Mohammadi depois de cobrir o funeral de Amini na sua cidade natal curda, Saqez, onde começaram os protestos.
Jina Mahsa Amini, mulher curda iraniana de 22 anos, foi presa em setembro do ano passado em Teerã pela polícia da moralidade por alegadamente não usar da forma adequada o véu islâmico, violando o código de vestimenta do país, que exige que as mulheres usem lenço na cabeça em público. Pouco depois, ela morreu na prisão. Sua morte causou uma onda de protestos no Irã e em outros países.
Nesta semana, ela foi homenageada postumamente com o mais alto prêmio de direitos humanos da União Europeia, o Prêmio Sakharov.