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Protesto pela morte de Mahsa Amini em Teerã, em 21 de setembro de 2022. via REUTERS - WANA NEWS AGENCY
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quinta-feira 22 de setembro de 2022 às 19:39h

Irã: após seis dias de protestos e 31 mortos, autoridades bloqueiam Instagram e WhatsApp

MUNDO, NOTÍCIAS


As autoridades iranianas bloquearam nesta quinta-feira (22) o acesso ao Instagram e ao WhatsApp, após seis dias de protestos pela morte de uma jovem. Os confrontos com a polícia já deixaram ao menos 31 mortos, segundo a ONG Direitos Humanos do Irã (IHR, sigla em inglês), baseada em Oslo.

“O povo iraniano saiu às ruas para lutar por direitos fundamentais e dignidade humana (…) e o governo responde às manifestações pacíficas com balas”, denunciou o diretor da organização, Mahmood Amiry-Moghaddam, em um comunicado.

Os protestos, que tiveram início na semana passada, foram reprimidos com violência pelas forças de segurança do país. Vários países e ONGs internacionais denunciaram a repressão “brutal” contra os manifestantes.  A Anistia Internacional também apontou para “uso ilegal de balas de borracha, balas letais, gás lacrimogêneo, jatos d’água e cassetetes para dispersar os manifestantes”.

O balanço divulgado pela ONG difere do oficial. “Dezessete pessoas, incluindo manifestantes e policiais, morreram nos eventos dos últimos dias”, anunciou a televisão estatal, sem revelar mais detalhes. As autoridades iranianas negaram qualquer envolvimento na morte dos manifestantes.

Morte de Mahsa Amini

A revolta teve início com a morte de Mahsa Amini, de 22 anos, no último 16 de setembro, em um hospital. Natural do Curdistão, a jovem havia sido detida três dias antes em Teerã, acusada de “usar roupa inapropriada” pela polícia da moral, uma unidade responsável por observar o cumprimento do rígido código de vestimenta.

As iranianas devem cobrir os cabelos e não têm o direito de usar peças curtas, acima dos joelhos, calças apertadas ou jeans rasgados. De acordo com ativistas, depois de ser presa, Mahsa foi agredida na cabeça, mas as autoridades iranianas negaram qualquer responsabilidade em sua morte e se recusaram a investigar o caso.

Na quarta-feira (21), durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York, o presidente americano, Joe Biden, expressou solidariedade às “mulheres corajosas” do Irã, após um polêmico discurso do presidente iraniano, Ebrahim Raisi.

Seis dias de manifestações

As manifestações ocorrem em 15 cidades do país e já duram seis dias. Desde o início da mobilização, a internet ficou mais lenta no país.

Nesta quinta-feira, as autoridades resolveram bloquear o acesso ao Instagram e ao WhatsApp, os aplicativos mais utilizados no país, depois que o YouTube, Facebook, Telegram, Twitter e Tiktok foram proibidos no Irã nos últimos anos. A medida foi adotada por causa “das ações realizadas pelos contrarrevolucionários contra a segurança nacional por meio destas redes sociais”, indicou a agência estatal de notícia Fars.

Apesar da repressão, a revolta não parece se acalmar. No sul do Irã, vídeos mostraram os manifestantes queimando um grande retrato do general Qassem Soleimani, morto em um ataque americano no Iraque em janeiro de 2020. Em outros pontos do país, os manifestantes incendiaram viaturas policiais e gritaram frases contra o governo, segundo a agência Irna. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo e várias detenções.

Outras imagens mostram os manifestantes resistindo à forças de segurança. Vídeos que registraram mulheres ateando fogo em seus véus viralizaram no país.

Maiores protestos em três anos

“Não ao véu, não ao turbante, sim à liberdade e à igualdade”, gritaram os manifestantes na capital iraniana. Mahtab, uma maquiadora de 22 anos com um véu laranja que revelava seus cabelos, declarou em Teerã que “o véu dever ser uma opção, não deve ser imposto”.

As manifestações são as maiores dos últimos três anos no Irã. Em novembro de 2019, milhares de iranianos saíram às ruas devido ao aumento do preço da gasolina, em plea crise econômica. A revolta deixou mais de 300 mortos, segundo a ONG Anistia Internacional.

Os protestos representam um “abalo muito importante no Irã e uma crise social”, afirma David Rigoulet-Roze, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), na França. Já para Azadeh Kian, professor de sociologia da universidade Paris Cité e especialista em Irã, “o que é inédito nesses protestos é que as mulheres os estejam liderando”.

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