A Liderança tal qual conhecemos hoje está com os dias contados. A maioria das empresas se defronta com nítida escassez do tipo de líderes que o momento exige. Não possuem, nos seus diversos níveis, dirigentes e gestores na quantidade nem na qualidade necessária para executar suas estratégias com sucesso nos próximos anos.
Essa percepção se comprova nos resultados apontados em algumas enquetes realizadas em momentos distintos. Em nenhuma delas mais do que 30% dos acionistas de várias empresas revelaram ter o contingente adequado de líderes para os desafios com os quais se defrontam. Ou seja, pelo menos 70% deles têm consciência de que estão com a bomba relógio nas mãos.
Salta aos olhos que o líder necessário para esse momento complexo, volátil, incerto, veloz e exponencial é muito diferente do perfil do líder do mundo previsível e incremental do passado, quando o competente era aquele ou aquela que tinha todas as respostas. Cada vez mais o líder eficaz será quem sabe fazer as perguntas certas e mobiliza suas equipes em busca das respostas relevantes para a vida da organização.
Um fator agravante dessa situação é evidenciado pelas disrupções tecnológicas recentes, dentre elas a angustiante perspectiva da Inteligência Artificial. Poucos percebem que esse componente digital é muito mais que uma ferramenta ou um conjunto de aplicativos. Trata-se de um novo modelo mental, um mind set muito diferente do que estamos acostumados. Mas, felizmente, há também a crescente percepção de que quanto mais sofisticada a tecnologia, maior é a necessidade do contato humano.
Também vale salientar que é mais difícil exercer a liderança na vida familiar do que na vida corporativa. E fica cada vez mais evidente que o exercício da liderança em empresas familiares é muito mais complexo que em outro tipo de empresas. Sabemos que no ecossistema do negócio familiar a escassez de líderes é ainda mais aguda.
Os líderes precisam adicionar ao seu conjunto de competências e habilidades um grau de conhecimento muito mais profundo do negócio e dos objetivos da empresa onde trabalham, para atuar com maior protagonismo na estratégia. Está definitivamente encerrado o período onde era possível se contentar apenas com o domínio de ferramentas e dos aspectos operacionais da gestão.
Por todos esses motivos, os acionistas precisam investir, de forma muito mais profunda, no “Capital Liderança” das suas empresas. Devido à escassez dos líderes e gestores competentes e comprometidos é imperativo ter foco na formação de uma nova safra de líderes, garantindo a sucessão em todos os níveis e não apenas no topo.
Por outro lado, de forma paradoxal, ao pensar no futuro não tão distante para as lideranças, me vem à mente a preocupação que mais tem tirado o meu sono: como propor caminhos para o grande número de “refugiados” das profissões tradicionais que vão se tornar profissionais irrelevantes nos próximos cinco anos?
Ser percebido como relevante será item crucial no kit de sobrevivência profissional, nesse futuro que já está batendo à nossa porta!
Investir no Capital Liderança como diferencial competitivo e ao mesmo tempo cuidar dos que tendem à irrelevância será um grande desafio para acionistas, investidores e líderes inspiradores que pretendem construir empresas mais sustentáveis e contribuir para uma sociedade mais saudável.
Por César Souza, ele é fundador e presidente do Grupo Empreenda