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sexta-feira 17 de março de 2023 às 06:35h

Investimentos: se seu perfil de investidor é conservador, vem mudança aí

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Diga-me com quem andas e te direi quem és”, diz um velho ditado popular. A expressão bem pode ser aproveitada para o momento em que o cliente de uma corretora ou plataforma vai começar a investir e precisa responder a um teste sobre seu perfil de risco. Esse tipo de questionário aplicado às pessoas físicas é chamado de suitability, um processo de análise de adequação de risco do investidor. Na prática, a pessoa responde como investe e o programa indica se o perfil de risco é conservador, moderado, arrojado ou agressivo, a depender da nomenclatura adotada por cada instituição financeira. O Itaú, por exemplo, adota quatro perfis (ver quadro), enquanto a XP trabalha com oito: precavido, cauteloso, defensivo, estrategista, visionário, enérgico, destemido e ultra.

A novidade é que esse processo pode mudar um pouco para os aplicadores considerados conservadores, aqueles que preferem segurança, liquidez diária e rendimento positivo, sem a possibilidade de perdas. No dia 9 de março, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) comunicou a modernização do Código de Distribuição de Produtos de Investimentos. Como isso exige atualização técnica em programas aos clientes. As mudanças entram em vigor em 5 de setembro. Segundo o presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, Ademir Correa Junior, as alterações acompanham a modernização. “Hoje, não só as instituições como os investidores estão mais maduros, e nós, como autorreguladores, temos que acompanhar essa evolução”, disse. Ele explica que as regras devem ser seguidas por bancos e plataformas, que até podem aumentar as exigências, se quiserem.

O analista da Rico, Antonio Sanches, disse que algumas corretoras, como as do grupo XP, já possuíam um modelo alternativo para classificar essas políticas de risco. “O Código pode ser considerado uma evolução por trazer ao investidor um novo termo ao vocabulário do investidor: o risco”, afirmou Sanches.

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“Dispensamos a necessidade de suitability para CDBs, RDBs e LFTs que possuam baixo risco, assim como já ocorre para fundos simples” Ademir CorreA JR. Presidente do Fórum de Distribuição da Anbima.

Riscos

No detalhe, a Associação incluiu regras de suitability para produtos de investimento que têm criptoativos em suas carteiras. Agora, as instituições terão de fazer uma classificação de risco específica, considerando as particularidades desses produtos e os riscos que as criptomoedas podem gerar. Além das criptomoedas, a pontuação de risco dos ativos foi atualizada para que cada produto de investimento seja identificado em uma classificação própria. No novo modelo, por exemplo, o investidor mais atento perceberá pela pontuação que os certificados de depósito bancários (CDBs) de prazo mais longo possuem mais riscos que as aplicações de menor prazo. Correia Junior esclareceu que em relação aos CDBs, a Anbima estabeleceu uma pontuação mínima considerando o prazo, o risco de crédito e o de mercado. “Além disso, dispensamos a necessidade de suitability para os CDBs, RDBs e LFTs que possuam baixo risco, assim como já ocorre para o fundo [de renda fixa] do tipo simples”, afirmou.

Outra medida é a atualização do limite de risco tolerado pelo perfil conservador, que poderá aplicar em produtos com pontuação de 1,5 ponto, com um pouco mais de risco. Atualmente, esse limite vai até 1 ponto. “Isso não significa que esse investidor receberá recomendações de produtos de alto risco”, afirmou.

Segundo Correia Junior, os critérios para que os clientes sejam classificados como conservadores foram alterados e passam a considerar quem tem baixa tolerância a risco, precisa de liquidez e possui baixo conhecimento de mercado. O representante da Anbima justificou as mudanças após o surgimento de inúmeros influenciadores de finanças nos últimos anos, que disseminam conteúdos de educação financeira. “Com a mudança na régua, o investidor terá maior disponibilidade de produtos, porque seu perfil também será avaliado de acordo com seu conhecimento, ou seja, aquela pessoa que entende mais terá acesso a uma gama maior de sofisticação em produtos”, afirmou. Por esse ângulo, não houve mudanças em relação aos perfis moderado e arrojado/agressivo, que seguem com pontuações máximas de risco de 3 pontos e 5 pontos, respectivamente. Em outras palavras, quem conhece os riscos e aceita mais riscos poderá adquirir uma variedade maior de aplicações financeiras, ou seja, “diga-me como investe e te direi qual é o seu perfil”.

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