Investimentos previstos até 2027 da Eletrobras somam entre R$ 11 bilhões e R$ 16 bilhões

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, comentou em entrevista a  Kariny Leal e Alessandra Saraiva, do jornal Valor, que a autorização da empresa para atuar como comercializadora, veiculada essa semana pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), vai permitir a construção de mais uma base de clientes. A decisão foi publicada pela autarquia no Diário Oficial da União.

“Com isso, a nova comercializadora da holding deve entregar valor à Eletrobras”, disse Ferreira Júnior, na coletiva de imprensa virtual, após o “Eletrobras Day”, encontro com investidores realizado nesta quarta-feira.

O executivo detalhou ainda que, no mercado livre de energia, a companhia alcançou 132 consumidores livres até junho. “No ano passado, na privatização, tínhamos 31”, comparou.

Na coletiva, ele também fez um resumo do que foi apresentado aos acionistas nesta quarta-feira. Ele disse ter feito um balanço sobre as realizações da nova administração, após a privatização, e destacou entre os feitos os programas de demissão voluntária, a aprovação de diretrizes de governança corporativa e a transformação de subsidiárias em subsidiárias integrais.

No caso das demissões voluntárias, o lançamento do segundo plano em junho desse ano tem previsão de adesão de 1,5 mil funcionários, de acordo com Ferreira Júnior.

Desinvestimentos

Também na apresentação aos acionistas, Ferreira Júnior informou que detalhou os desinvestimentos da empresa. “As vendas de sete coligadas devem gerar arrecadação de R$ 1,5 bilhão”, disse o presidente.

O executivo comentou ainda que a companhia estuda mais 11 fusões e aquisições até 2024, que podem conduzir cerca de R$ 35 bilhões em investimentos.

Na área fiscal da empresa, a Eletrobras tem cerca de R$ 15 bilhões de créditos fiscais na holding, informou o executivo. O objetivo é trazer cerca de R$ 4 bilhões em créditos fiscais para a comercialização.

Investimentos previstos até 2027 somam entre R$ 11 bilhões e R$ 16 bilhões

O vice-presidente executiva de estratégia e desenvolvimento de negócios da Eletrobras, Elio Gil de Meirelles Wolff, detalhou que, até 2027, os investimentos do grupo Eletrobras abarcam entre R$ 11 bilhões e R$ 16 bilhões. Desses recursos, R$ 6 bilhões serão alocados em período de dois anos e meio.

Na ocasião, a diretora financeira e de relações com investidores da Eletrobras, Elvira Presta, disse que a empresa continua com os esforços para capitalizar e reestruturar as dívidas de sua controlada indireta Santo Antônio Energia, responsável pela hidrelétrica de mesmo nome.

Presta detalhou que essa dívida especificamente seria da ordem de R$ 20 bilhões. “A negociação dessa dívida é prioridade”, afirmou ela. Entre os credores da Santo Antonio Energia estaria o BNDES e outros associados – no caso desses credores, a dívida seria na faixa de R$ 14 bilhões.” Na prática, a executiva explicou que a estratégia é fazer rolagens para ampliar prazos das dívidas e reduzir custos.

“Tarifa é um tema que preocupa”

Ferreira Júnior afirmou que “tarifa é um tema que preocupa” o Ministério das Minas e Energia (MME) em conversas com a empresa. Na coletiva, o executivo foi questionado sobre possível proposta, veiculada em noticiário da imprensa, de que o Ministério de Minas e Energia (MME) teria proposto a antecipação dos pagamentos à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), com o objetivo de usar esses recursos para a moderação das tarifas de energia.

“É verdade que o ministro [das Minas e Energia, Alexandre Silveira], em todas as interações, que tem conosco, diz que o tema da tarifa preocupa”, disse. “Não existe acordo”, completou ele.

Outro tema mencionado pelo executivo foi a ação direta de inconstitucionalidade (ADI), da Advocacia-Geral da União (AGU), no Supremo Tribunal Federal (STF), contestando o modelo de privatização da Eletrobras. “O tema da ação de inconstitucionalidade não é um tema que eu tenha mandato para falar”, afirmou Ferreira Júnior.