O Brasil tem visto uma corrida em busca da geração distribuída de fonte solar neste ano, com investimentos que somam R$ 25,9 bilhões, de janeiro a outubro, e totalizam segundo Marta Watanabe, do Valor em R$ 73,9 bilhões desde 2012. O resultado é 54% superior ao saldo nos últimos dez anos, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Até sábado (15), a potência instalada nos telhados somava 13,7 gigawatts (GW), um aumento de 48% frente aos 9,21 GW do fim de 2021. A projeção é que chegue a 18 GW até dezembro, diz Bárbara Rubim, vice-presidente da entidade.
O crescimento acelerado dos projetos é creditado por consumidores e empresas do setor à alta na conta da luz, percepção intensificada com a crise hídrica pela qual passou o país e ao efeito da Lei nº 14.300, de janeiro, o marco legal da micro e minigeração de energia.
Por essa lei, os consumidores que solicitarem à concessionária o acesso à rede para seu sistema solar próprio até 6 de janeiro de 2023 ficam livres, até 2045, de mudança tarifária apelidada de “taxação do sol”. Em média, essa cobrança aumentará em cerca de 28% o valor da tarifa de energia, mas há variações entre as distribuidoras. Por causa desse calendário, diz Rubim, há antecipação na decisão de instalar os sistemas.
Somada à potência de energia centralizada em grandes usinas, a fonte solar chegou a 20,25 GW em capacidade instalada em outubro, quase um décimo da matriz elétrica brasileira. No fim de 2021 essa fatia era de 7,4% e, em dezembro de 2020, de 4,5%, segundo a Absolar e a Agência Nacional de Energia Elétrica.
A energia solar é puxada pelas residências, com 48,5% da potência instalada, seguidas por comércio e serviços (30,1%). Segundo Rodolfo Meyer, da empresa Portal Solar, 70% de seus clientes são residenciais, que demandam sistema para gerar entre 500 kW e 700 kW mensais, com custo entre R$ 25 mil e R$ 30 mil, gerando economia de R$ 6 mil a R$ 7 mil por ano.