O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que o investidor estrangeiro deve voltar ao Brasil com o recuo da pandemia e que o país precisa garantir um clima de negócios favorável se quiser recuperar o investimento privado.
Nas últimas semanas, o Brasil tem vivido sua pior fase da crise sanitária, com recorde de mortes diárias, colapso no sistema de saúde e lentidão no processo de vacinação, o que intensificou um movimento de fuga de capital externo do país.
“Quando falamos do clima para os negócios, esta é uma área em que a melhoria virá com o recuo da pandemia”, afirmou Petya Koeva Brooks, vice-diretora do departamento de pesquisa do FMI.
Em entrevista coletiva nesta terça-feira (6), a economista foi questionada sobre o impacto da saída ou diminuição da presença de grandes empresas no Brasil, como LG, Sony e Ford, na retomada econômica e na perda de competitividade do país.
“Esta é uma área em que garantir que o clima seja favorável é particularmente importante para a recuperação do investimento privado, e isso é algo que esperamos que aconteça.”
Os investidores estrangeiros já estavam bastante cautelosos quanto a fazer aportes no Brasil, que tem perdido relevância global por causa da piora de seus indicadores econômicos e não possui grau de investimento há algum tempo. A piora da pandemia e a repercussão negativa do quadro brasileiro, visto por autoridades políticas e de saúde em todo o mundo como uma ameaça global, acelerou essa fuga de capital, inclusive com empresas, como a Ford, que encerrou a produção de veículos no Brasil.
Os piores picos de infecção no Brasil –que acumula mais de 13 milhões de casos e 331 mil mortes por Covid-19–, as novas variantes, a postura negacionista do governo Jair Bolsonaro e a lentidão na imunização estão entre os fatores que chamam mais atenção dos observadores internacionais.
Nesta terça, o FMI divulgou o relatório Panorama Econômico Mundial, que revisou a projeção de crescimento da economia global em 2021 de 5,5% para 6%, e ajustou a estimativa para o Brasil de 3,6% para 3,7%.
Segundo o Fundo, medidas como o auxílio emergencial impediram uma contração mais grave no Brasil em 2020, mas é preciso priorizar a vacinação para acelerar essa retomada econômica em 2021.
“A expectativa é de que, no primeiro trimestre, teremos crescimento negativo, mas, no segundo trimestre, o impacto do novo auxílio emergencial aprovado em forma de transferência renda, vai começar a ajudar [nessa retomada]”, afirmou Brooks.
Em outubro do ano passado, o FMI estimava crescimento de 2,8% para o Brasil e 5,2% para a economia mundial. As projeções do Fundo para o Brasil hoje são mais otimistas que a dos economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central (3,17%), e do próprio Banco Central, que estima crescimento de 3,6%.