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Antônio Rueda, Thiago Brennand e Luciano Bivar - Foto: Reprodução/Globo/Instagram
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quarta-feira 3 de abril de 2024 às 18:05h

Invasão a restaurante e ameaça de surra: o elo entre Thiago Brennand, condenado por estupro, e a crise no União Brasil

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A disputa pelo comando do União Brasil, transformada em caso de polícia, não foi o único episódio violento vivido pelo presidente da sigla, Antônio Rueda. Há pouco mais de dez anos, o dirigente partidário foi ameaçado segundo Bruno Góes, do O Globo, em um restaurante de Boa Viagem, no Recife, pelo empresário Thiago Brennand. Quando ainda não constavam em sua ficha as múltiplas condenações por estupro, Brennand entrou com seguranças armados no local requintado, para o desespero dos clientes, exigindo dinheiro de Rueda.

Brennand, hoje condenado três vezes por crimes sexuais e agressões — as penas já somam 20 anos e dois meses de prisão —, havia tentado contratar Rueda como advogado. Ele queria liberar, com uma liminar, equipamentos de som retidos pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. Com os prejuízos causados pelo pagamento dos impostos do material importado, o empresário resolveu tirar satisfação.

Após bloquear a rua do entorno do restaurante Just Madá, Brennand desembarcou de um Porsche, segundo relatos de pessoas que presenciaram a cena. Ao lado de seguranças, que saíram de um Fiat Palio, proferiu xingamentos e ameaças.

Com a blitz, a maior parte dos clientes abandonou o local correndo. Entre os poucos que ficaram estavam Rueda e o deputado Mendonça Filho (União-PE), que conversavam à mesa.

— Ele (Brennand) chegou com os seguranças armados, gritando e dizendo que me daria “uma pisa”. E eu e Mendonça ficamos — relata Rueda, citando a expressão que significa dar uma surra.

Segundo outra testemunha ouvida pelo GLOBO, Brennand pedia a devolução do dinheiro e chamava o interlocutor de “cabra safado”. A tensão já havia escalado no mesmo dia, quando o empresário tentou tirar satisfações com Rueda em seu escritório no Recife — momento em que foi barrado por seguranças.

Pneu furado iniciou rixa

Segundo o presidente do União Brasil, Brennand ficou enfurecido quando ouviu que deveria “tomar remédios” para se acalmar e que o serviço advocatício não seria prestado. No escritório, do lado de fora, Brennand teria prometido ir atrás dele para pegá-lo. Procurada, a defesa do empresário não quis se manifestar sobre nenhum dos episódios narrados nesta reportagem.

Nos meses anteriores, Brennand já havia tentado enquadrar Rueda em outra ocasião. O hoje presidente do União Brasil era síndico de condomínio em São Paulo onde ambos ocupavam imóveis. Em determinado dia, o empresário cobrou o ressarcimento por quatro pneus furados de seu carro importado.

O dirigente foi consultar as imagens e enviou ao empresário um CD com as gravações, mostrando que ele chegara ao condomínio com os pneus já destroçados, inclusive com registro de faíscas pulando das rodas.

— Está aí o cheque — disse Rueda, na ocasião, após entregar as imagens.

Bivar diz ter entregue US$ 20 mil a Brennand

Hoje adversário de Rueda no União Brasil, o presidente afastado da sigla, Luciano Bivar (PE), diz ter ressarcido o valor exigido por Brennand no restaurante de Boa Viagem, ou seja, US$ 20 mil. Recentemente, Bivar usou o episódio para ilustrar, no seu ponto de vista, um exemplo de ingratidão de Rueda.

A antiga amizade entre Bivar e Rueda também virou caso de polícia. E o atual presidente da sigla acusa o antecessor de ter feito ameaças de morte no processo eleitoral da sigla.

Em meio à amargura por ter sido “traído”, Bivar tem feito questão de repetir, em diversas ocasiões, a história dos US$ 20 mil. Brennand é de família rica e poderosa, o que sempre lhe rendeu bons contatos no mundo político. Era muito próximo de Bivar, a quem chamava de “tio”

— Eu liguei para o Thiago (Brennand) e perguntei (após o episódio do restaurante): “Que porra é essa?”. O Thiago me disse: “Tio, foram 20 mil dólares”. Aí eu falei: “Eu mando esses 20 mil dólares para você” — relatou Bivar.

No dia da ameaça, Rueda estava jantando com sua mulher, assim como Mendonça Filho também estava com a sua companheira. Quando os seguranças armados chegaram, Mendonça diz ter preferido ficar quieto, já que estava processando o empresário por ele ter feito ameaças contra sua irmã em um salão de beleza.

Segundo testemunhas do episódio de violência, Rueda ficou em estado de choque. Depois da ameaça, ele foi até a casa de Mendonça Filho, onde tentou se acalmar.

Bivar diz que o antigo aliado ligou chorando para tratar do assunto, o que Rueda nega. Ele também diz desconhecer qualquer pagamento ao empresário por parte de Bivar.

— Quando ele (Brennand) tentou me contratar, disse que Bivar teria dito que eu seria o advogado. Mas eu não iria advogar para ele — acrescenta Rueda.

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