O interior da Terra tem tanta água quanto os oceanos na superfície. É o que demonstram experimentos científicos feitos por geólogos alemães. Frank Brenker, da Universidade Goethe, em Frankfurt, na Alemanha, explica que, na verdade, são rochas “hidratadas” e que essa descoberta se aproxima da ideia de Julio Verne, do filme Viagem ao Centro da Terra, que imaginava um novo mundo subterrâneo, incluindo oceanos.
Ainda de acordo com os geólogos, o volume de água nas estruturas dessas rochas é tão grande que, na teoria, poderiam absorver o equivalente a seis vezes a quantidade de água de todos os oceanos na superfície.
“Neste estudo, nós demonstramos que a zona de transição não é uma esponja seca, mas contém quantidades consideráveis de água”, diz Frank Brenker, em nota. A zona de transição a que ele se refere é a camada que separa o manto superior da Terra e o inferior. Ela está a cerca de 410 a 600 quilômetros.
O alto teor de água nessa zona de transição tem consequências de longo alcance para o comportamento dinâmico do interior da Terra, permitindo que os geólogos criem modelos totalmente novos. Eles propõem que as plumas quentes vindas do manto abaixo, que ficam presas na zona de transição, aquecem esse espaço e, assim, leva à formação de novas plumas menores, e estas absorvem a água. Se essas plumas menores, ricas em água, agora migram para cima e rompem a fronteira para o manto superior, a água contida nas plumas do manto é liberada, o que diminui o ponto de fusão do material emergente.
Esse material então derrete imediatamente. Como consequência, as massas rochosas nessa parte do manto da Terra não são mais tão resistentes como se acreditava, o que dá mais dinamismo aos movimentos de massa. A zona de transição, que de outra forma atuaria como uma barreira para a dinâmica, de repente se torna um motor da circulação global do material no interior do planeta.
Frank Brenker ainda explica que as placas subductoras também carregam sedimentos do fundo do mar para o interior da Terra e que esses sedimentos também podem conter grandes quantidades de água e CO2. “Mas até agora não estava claro o quanto entra na zona de transição na forma mais estável de minerais hidratados e carbonatos – e, portanto, também não estava claro se grandes quantidades de água realmente são armazenadas lá”, finaliza.