Conforme matéria de Gabriel Dias, do Uol, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nasceu durante o governo Fernando Henrique Cardoso, em uma reestruturação que criou o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e o seu órgão central chamado de Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Isso colocou um fim na Casa Militar e seu histórico de serviço de apoio à ditadura militar. Também acabou com um passado de polícia política, e colocou nos cargos agentes de inteligência concursados.
O que é o GSI?
É o órgão do governo brasileiro responsável pela assistência direta e indireta ao Presidente da República em assuntos militares e de segurança.
É uma estrutura ágil, bem treinada e com canais comunicantes com as Forças Armadas e policiais, para a proteção do chefe de Estado, incluídos os deslocamentos internacionais.
A pasta tem status de ministério e coordena, entre outras coisa, as atividades de segurança da informação, incluindo a segurança cibernética. Em janeiro do ano passado, por exemplo, ficou responsável pela investigação ao ataque hacker ao sistema do Ministério da Saúde.
As principais funções são:
- prevenir a ocorrência, articular o gerenciamento de crises, analisar e acompanhar questões com potencial de risco à estabilidade institucional;
- coordenar as atividades da inteligência nacional e de segurança da informação e das comunicações;
- assessorar assuntos militares;
- coordenar a segurança pessoal do presidente, vice e familiares de ambos;
- coordenar as equipes de segurança dos palácios e residências oficiais;
- acompanhar assuntos referentes a terrorismo e sobre infraestrutura crítica;
- exercer a posição de autoridade nacional de segurança em tratados e acordos internacionais que envolvam troca de informação sigilosa.
Durante o governo de Dilma Rousseff, o GSI perdeu status de ministério e ficou sob a Secretaria de Governo da Presidência. Em 2019, no governo de Jair Bolsonaro, a pasta voltou a ganhar um ministro comandado por militares, o general Augusto Heleno.
Desde que foi eleito, Lula estudava formas de desmilitarizar o órgão. A avaliação é a de que em outros países as áreas de inteligência e de segurança do chefe do Executivo estão sob a tutela de civis.
O que é a Abin?
A Abin foi criada em 1999 para ser o órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). Seu objetivo é dar informações estratégicas e confiáveis ao Executivo Federal, relativas à segurança do Estado, da sociedade brasileira, à defesa externa, às relações exteriores.
Tudo isso para evitar possíveis ameaças e agir nos seguintes campos:
- Proteção das fronteiras nacionais;
- Segurança de infraestruturas críticas;
- Antiespionagem;
- Terrorismo;
- Proliferação de armas de destruição em massa;
- Políticas estabelecidas com outros países ou regiões;
- Segurança das informações e das comunicações;
- Defesa do meio ambiente;
- Proteção de conhecimentos sensíveis produzidos por entes públicos ou privados;
- Entre outros, sendo o único órgão do país com esse fim.
A agência é fiscalizada por controle externo, exercido pelo Congresso Nacional, que possui uma comissão mista de senadores e deputados para isso: a CCAI (Comissão Mista de Controle da Atividade de Inteligência).
O que explica a mudança?
- Integrantes da equipe de Lula ficaram incomodados com a militarização que a agência passou a ter no governo Jair Bolsonaro.
- A saída da Abin do guarda-chuva do GSI esvazia ainda mais o ministério. Até a gestão Bolsonaro, a pasta era responsável também pela segurança do presidente, mas Lula optou por transferir essa responsabilidade para a Polícia Federal.
- O presidente está publicamente desconfiado com a guarda do Palácio do Planalto desde as invasões golpistas de 8 de janeiro. Ele tem pedido alternativas para substituir os militares. A Abin disparou sete alertas sobre a manifestação bolsonarista entre a noite de sexta-feira e a tarde do domingo em que foram registradas as invasões golpistas. Segundo reportagem da revista Piauí, apesar dos alertas, não houve providências.
- Agora, Rui Costa passa a ser o responsável pela agência. O chefe da Casa Civil é visto como um homem de confiança do presidente.