É como diz o ditado: Os olhos são a janela da alma. E parece que o clichê tem ganhado cada vez mais ares de realidade. Uma pesquisa liderada pela Universidade do Sul da Austrália utilizou inteligência artificial para reconhecer traços da personalidade das pessoas. Como eles fizeram isso? Analisando o olhar e o movimento dos olhos de cada uma delas.
Apesar de ter sido conduzido em pequena escala, o estudo publicado em julho na revista Science Daily ressalta a importância da comunicação não-verbal para os relacionamentos interpessoais. Os pesquisadores utilizaram algoritmos de machine learning avançados para demonstrar a ligação entre a personalidade e os movimentos dos olhos das pessoas.
Os dados também permitem melhorar o desenvolvimento de sistemas para que os robôs possam interajir melhor com seres humanos na medida em que eles se tornam mais eficientes em reconhecer e interpretar alguns sinais comportamentais.
O projeto usou inteligência artificial para rastrear e monitorar os movimentos oculares de 42 indivíduos em suas atividades diárias. Os resultados foram cruzados com questionários que definiam traços de personalidade.
“Graças à abordagem do machine learning, podemos analisar automaticamente um grande conjunto de características de movimento ocular e classificá-las por sua importância para a previsão de traços de personalidade”, escreveram os pesquisadores. “Indo além das características investigadas em trabalhos anteriores, essa abordagem também nos permitiu identificar novas ligações entre características do movimento ocular e traços de personalidade anteriormente pouco investigados.”
Dos 5 principais traços de personalidade – curiosidade, auto-consciência, extroversão, amabilidade e neuroticismo – o algoritmo identificou 4: neuroticismo, extroversão, amabilidade e auto-consciência.
“O conhecimento do comportamento humano não-verbal também pode ser transferido para robôs socialmente interativos. Esses sistemas podem, em última instância, interagir com os seres humanos de uma maneira mais natural e socialmente aceitável, tornando-se mais eficientes e flexíveis”, diz o estudo.
Por Ana Beatriz Rosa