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Secretário-geral da ONU participou da Cúpula do Reino Unido sobre Segurança da Inteligência Artificial; ele destacou três áreas de ação: antecipar ameaças à segurança da IA, abordar preocupações de longo prazo, como vieses algorítmicos, e combater a desigualdade na distribuição da IA.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, encerrou na quinta-feira (2) sua visita ao Reino Unido. Em Londres, ele participou da Cúpula do Reino Unido sobre Segurança da Inteligência Artificial.
No evento, o chefe das Nações Unidas debateu as prioridades de segurança da IA e medidas concretas para tornar a tecnologia segura.
Inteligência artificial e Carta da ONU
Guterres destacou que a velocidade e alcance da inovação são sem precedentes. No entanto, o descompasso com a governança está aumentando, criando “riscos diversos e urgentes”.
Ele enfatizou que os princípios para a IA devem se basear na Carta das Nações Unidas e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, e que é urgente incorporar esses princípios para que seu uso seja seguro.
O secretário-geral da ONU afirmou que uma estratégia global unida e sustentada, baseada no multilateralismo e na participação de todas as partes interessadas, é necessária para lidar com a inovação. Ele acrescentou que as Nações Unidas estão prontas para desempenhar seu papel nesse processo.
Áreas para ação
António Guterres apontou três frentes que precisam de ação. Para ele, é imperativo antecipar ameaças, como o uso malicioso da tecnologia e a perda de controle sobre ela. Isso requer a criação de estruturas para garantir a segurança e confiança da IA.
Em segundo lugar, o secretário-geral expressa preocupações de longo prazo com a desestabilização de mercados de trabalho, vieses algorítmicos e o domínio da IA por poucos países e empresas. Ele recomenda o monitoramento dessas tendências para evitá-las.
A terceira área de preocupação diz respeito à desigualdade. Segundo o chefe da ONU, a IA pode agravar as disparidades globais, especialmente quando a maioria das inovações está concentrada em poucos lugares.
Guterres afirma que uma abordagem sistemática é necessária para garantir que todos tenham acesso à IA e à infraestrutura digital e de dados necessária.
Corpo Consultivo Multilateral sobre Inteligência Artificial
O secretário-geral aponta que mais de 100 conjuntos de princípios éticos para a IA foram desenvolvidos e destacam a necessidade de confiabilidade, transparência e supervisão humana.
No entanto, ele avalia que falta uma supervisão global, criando riscos de incoerência e brechas. Guterres enfatiza a importância de uma conversa estruturada sobre ameaças, desafios e oportunidades na governança da IA, com a ONU desempenhando um papel fundamental.
O Corpo Consultivo Multilateral sobre Inteligência Artificial busca reunir especialistas globais para criar soluções inclusivas e baseadas em evidências. O chefe das Nações Unidas explica que seu primeiro objetivo é examinar modelos de governança tecnológica que funcionaram no passado e adaptá-los à governança da IA.
As recomendações se concentrarão na cooperação internacional, consenso científico sobre riscos e desafios, e na busca por uma IA que beneficie toda a humanidade. Essas recomendações serão integradas ao Pacto Digital Global proposto para adoção pelos Chefes de Estado na Cúpula do Futuro no próximo ano.
Agenda
Durante sua passagem pelo Reino Unido, ele teve uma reunião bilateral com o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak. Eles falaram sobre a situação atual no Oriente Médio, em particular a entrega de ajuda humanitária à população em Gaza, bem como o impacto global da guerra na Ucrânia.
Guterres também teve encontros com a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, assim como com o vice-chanceler da Alemanha, Robert Habeck, e a presidente da Comissão da União Europeia, Ursula von der Leyen.
O chefe da ONU também se reuniu com o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly. Ele retorna a Nova Iorque ainda nesta quinta-feira.
