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quarta-feira 29 de novembro de 2023 às 20:00h

Inteligência alemã alerta para risco maior de atentados

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Diante do conflito israelo-palestino, órgão de segurança interna diz que a probabilidade de um ataque terrorista de motivação islamista aumentou significativamente. Último atentado grave do tipo foi no Natal de 2016.O risco de um atentado terrorista de motivação islamista na Alemanha aumentou “significativamente”, alertou nesta quarta-feira (29/11) o Departamento Federal de Proteção da Constituição, órgão de inteligência responsável por coibir ameaças à segurança interna do país.

Os oficiais dizem ter detectado um maior risco para a comunidade judaica na Alemanha – cerca de 225 mil pessoas, segundo as estimativas mais recentes – e para o “Ocidente como um todo” após os ataques terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro e a ofensiva militar na Faixa de Gaza deflagrada por Israel depois, em reação ao sequestro e massacre de centenas de civis.

O último grande atentado islamista na Alemanaha foi ao mercado de Natal de Breitscheidplatz em 2016, quando um terrorista invadiu com um caminhão a praça de Berlim onde ocorria o evento, matando 13 pessoas e ferindo gravemente outras 70.

Na terça, dia anterior à divulgação do relatório, a polícia deteve preventivamente dois adolescentes de 15 e 16 anos acusados de planejarem um ataque a uma sinagoga ou a um mercado de Natal na cidade de Colônia – não se sabe ao certo se eles de fato partiriam para a ação.

Os jovens anunciaram um atentado para o dia 1º de dezembro em um grupo de radicais islamistas no aplicativo Telegram. A dupla seria simpatizante do Estado Islâmico, e um dos jovens já havia sido monitorado pelas autoridades no passado por divulgar propaganda jihadista.

No início de outubro, um homem que já cumpriu pena por associação com o Estado Islâmico após passar uma temporada na região controlada pelos terroristas foi preso preventivamente em Duisburg sob suspeita de planejar um atentado em um evento pró-Israel.

O que diz o relatório

“Tenho repetidamente enfatizado que um ataque islamista pode ser executado na Alemanha a qualquer dia”, afirma Thomas Haldenwang, diretor do serviço secreto interno alemão, no relatório divulgado nesta quarta.

Embora, segundo Haldenwang, a ameaça de um atentado paire sobre o país há algum tempo, o atual conflito no Oriente Médio e a escalada de violência em Israel e nos territórios palestinos fez aumentar os chamados a atentados vindos do “espectro jihadista”.

Esse contexto, ainda segundo o diretor, pode levar à radicalização de indivíduos que agem sozinhos, com poucos recursos e mirando “alvos leves” – como, por exemplo, eventos públicos a céu aberto. “O perigo é real e tão alto como já não era por um longo tempo.”

O relatório cita ainda preocupação com o envolvimento, cada vez maior, de outros grupos terroristas no conflito Israel-Hamas, como o Estado Islâmico e a Al Qaeda – que, apesar de terem diferenças ideológicas entre si, têm no antissemitismo um “denominador comum”.

“A dimensão do ataque do Hamas e a publicidade internacional associada a ele estão motivando o EI e a Al-Qaeda a demonstrarem um apoio que antes parecia quase inconcebível”, consta do documento, que cita ainda ações como a queima do Alcorão em praça pública na Suécia e a “avalanche de imagens nas redes sociais, muitas vezes acompanhada por fake news” como fatores adicionais de radicalização.

“O resultado é que o risco potencial de possíveis ataques terroristas contra pessoas judias e nacionais israelenses e instituições, bem como contra o ‘Ocidente’ como um todo, aumentou significativamente”.

Riscos maiores em toda a Europa

O relatório do Departamento de Proteção da Constituição cita a ocorrência de ataques terroristas em alguns países europeus vizinhos nas últimas semanas – na Irlanda, Bélgica e França –, alguns perpetrados por pessoas que fizeram referências explícitas ao conflito israelo-palestino.

“Considerando este cenário, vários Estados-membros da União Europeia elevaram seus níveis de alerta nacional contra o terrorismo.”

O governo alemão já anunciou que aumentou a segurança de judeus e instituições judaicas depois de 7 de outubro. No início do mês, uma pesquisa mostrou que a maioria dos alemães (59%) está preocupada que o conflito leve a atentados terroristas de grandes proporções em solo alemão.

Na Alemanha, a escalada de violência no Oriente Médio veio acompanhada de uma onda de antissemitismo. Uma pesquisa recente da Associação Federal de Departamentos de Pesquisa e Informação sobre o Antissemitismo (RIAS) revelou aumento de 320% no número de incidentes antissemitas entre 7 de outubro e 8 de novembro. Foram quase mil casos de agressão contra judeus – dentre ameaças, xingamentos, pichações, ataques online e físicos e propagação de mensagens antissemitas –, uma média de 29 por dia.

Como a guerra Israel-Hamas é percebida pela extrema direita

Ainda segundo o relatório do Departamento de Proteção da Constituição, não há uma visão única sobre o conflito israelo-palestino na cena dos radicais de extrema direita, com algumas organizações se mantendo neutras no conflito e outras advogando em favor de um lado ou outro. Em fóruns na internet, o assunto tem sido usado como pretexto para polemizar em cima de uma suposta “crescente dominação muçulmana” e advertir contra uma “’islamização’ da sociedade” alemã, turbinando uma agenda contrária à imigração e às políticas de asilo.

Em anos recentes, alguns dos piores atentados registrados na Alemanha partiram da extrema direita, como os perpetrados em Halle (2019) e Hanau (2020).

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