Segundo Gabriel de Sousa, do Estadão, cinco deputados e dois senadores da CPMI do 8 de Janeiro enviaram uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo a investigação do recebimento de pedras preciosas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Na quarta-feira (2) o Estadão revelou que mensagens trocadas por militares vinculados à Presidência da República indicam que o casal recebeu um envelope com as pedras em Teófilo Otoni, em 26 de outubro do ano passado.
A representação dos congressistas afirma que a denúncia reforça a possibilidade de uma prática de ilícitos “aptos a caracterizar improbidade administrativa” e solicita depoimentos à Polícia Federal de todos os envolvidos, além da colheita de provas e outras providências legais. Os e-mails, que foram obtidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, apontam que os presentes não teriam sido cadastrados oficialmente,
“Nesse ponto, chama-se a atenção à ordem expressa para que as pedras preciosas não fossem cadastradas no acervo da União. À vista disso, é mister que se investigue qual a verdadeira motivação da entrega das pedras preciosas. (…) Logo, questiona-se: quem presenteou Jair Bolsonaro? Qual o motivo da recusa em cadastrar o presente?”, indagam os parlamentares.
A representação enviada à PGR foi assinada pelos deputados federais Jandira Feghali (PSOL-RJ), Rogério Correia (PT-MG), Henrique Vieira (PSOL-RJ), Duarte Jr. (PSB-MA) e Rubens Pereira Junior (PT-MA), e pelos senadores Randolfe Rodrigues (PT-AP), Fabiano Contarato (PT-ES) e Jorge Kajuru (PSB-GO).
De acordo com o gabinete de Jandira Feghali, ainda devem ser apresentadas representações ao Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal de Contas da União (TCU) e para a Polícia Federal, pedindo pela investigação das pedras preciosas supostamente recebidas pelo ex-presidente.
O Estadão teve acesso a dois e-mails trocados pelos primeiros-tenentes do Exército Adriano Alves Teperino e Osmar Crivelatti e pelo segundo-tenente da Força Cleiton Henrique Holzschuk. Os três foram ajudantes de Ordem da Presidência da República durante o governo Bolsonaro. Crivelatti, era braço direito do tenente-coronel Mauro Cid – “faz-tudo” do ex-presidente que está preso desde maio por fraudar cartões vacinais da família Bolsonaro.
Segundo as mensagens, um envelope contendo pedras preciosas para o PR (presidente da República) e uma caixa de pedras preciosas para a PD (primeira dama) foram recebidas em Teófilo Otoni em 26 de outubro, e foram guardadas em um cofre grande no dia seguinte. A pedido de Mauro Cid, as joias não deveriam ser cadastradas no acervo da União.
Bolsonaro esteve em Teófilo Otoni em 26 de outubro, enquanto fazia campanha para o segundo turno das eleições presidenciais contra o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aconteceu quatro dias depois. Naquele dia, ele discursou em um comício ao lado do pastor Silas Malafaia e do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).