Integrantes governistas da CPMI do 8 de janeiro protocolaram requerimento para convocação do hacker Walter Delgatti Neto. Os pedidos foram feito após operação da Polícia Federal realizada nesta última quarta-feira (3).
As investigações da Polícia Federal apontam suspeitas de que a deputada Carla Zambelli (PL-SP), alvo de mandado de busca e apreensão, tenha contratado Delgatti, preso durante ação da PF, para invadir redes do Conselho Nacional de Justiça e inserir dados falsos em seus sistemas.
O deputado Rogério Correia (PT-MG), autor de um dos seis requerimentos de convocação, alega segundo João Valadares e Caetano Tonet, do jornal Valor, que Delgatti precisa prestar depoimento para esclarecer “possível envolvimento na promoção dos atos criminosos contra a democracia e as instituições públicas brasileiras”.
“O ataque inseriu de forma ilegal onze alvarás de soltura de pessoas presas e um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes”, diz. “Em depoimento anterior, o hacker confirmou que ação visava demonstrar a vulnerabilidade do Sistema de Justiça brasileiro e descredibilizar publicamente o sistema eletrônico de votação, com o intuito de questionar o resultado eleitoral das urnas”, complementa o parlamentar.
A sessão deliberativa da CPMI, marcada para ter início às 10h desta quinta-feira, atrasou. Integrantes estão reunidos na liderança do PDT no Senado para decidir quais requerimentos vão entrar na pauta de votação. A convocação do hacker é um dos pedidos que têm causado impasse entre governo e oposição.
Zambelli teve seu sigilo bancário quebrado, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os desdobramentos do caso levantaram suspeitas sobre o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro no episódio — a PF cogita intimá-lo a depor.
Zambelli vai prestar depoimento à PF na segunda-feira. Em coletiva de imprensa no fim da manhã desta quarta, na Câmara dos Deputados, ela buscou eximir Bolsonaro de culpa e alegou ter contratado o hacker apenas para fazer uma conexão entre suas redes sociais e seu site, sem o objetivo de fraudar a eleição.
Chamado pelo apelido de Vermelho, Delgatti tornou-se conhecido dos investigadores após invadir os celulares de diversas autoridades brasileiras em 2019 — entre elas o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União-PR) —, o que deu origem à chamada “Vaza-Jato”.
As mensagens interceptadas demonstraram a ilegalidade de uma série de condutas da Operação Lava-Jato, o que resultou na anulação das sentenças impostas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.