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terça-feira 12 de novembro de 2019 às 11:51h

Integrante do MBL é suspeito de agressão e racismo

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Uma cozinheira diz ter sido chamada de “crioula” na noite do último sábado (9), enquanto trabalhava no restaurante Takos Mexican Gastrobar, no bairro Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte em Minas Gerais. O motivo, segundo Eliana da Silva, pode ter sido a demora no atendimento. O autor da ofensa seria o porta-voz do Movimento Brasil Livre (MBL) em Belo Horizonte, Thiago Dayrell Costa. Ele e o MBL negam.

De acordo com o boletim de ocorrência (BO) da Polícia Militar (PM), Thiago segurou Eliana pelo pescoço e deu um chute na perna direita dela.

“Estou com o meu emocional abalado. Em pleno 2020 ter que passar por isso? Não tenho palavras para descrever”, disse Eliana conforme publicou o G1.

Ainda segundo o BO, Thiago estava acompanhado da namorada e bebia uma cerveja na parte externa do Takos Mexican Gastrobar e, em um determinado momento, teria entrado gritando na loja, dizendo que o pedido estava demorando a ficar pronto.

De acordo com o boletim de ocorrência, ele teria arremessado um cartão de banco no rosto da operadora do caixa e pediu para ela cobrar: “Cobra essa p**** logo”.

Nesse momento, Eliana interveio e pediu ao cliente que se acalmasse. Ele teria gritado: “Não coloca a mão em mim sua crioula”.

O gerente do restaurante Takos, Eliezer Alves Rodrigues dos Santos, pediu para que o cliente se retirasse do local.

“Põe a mão em mim, então”, disse Thiago que, ao sair da loja, teria chamado Eliezer para briga.

Segundo o BO, Eliana intercedeu novamente para separar a confusão e teria sido agarrada pelo pescoço e levado um chute de Thiago.

A briga foi separada por pessoas que estavam no local. Eliana, que tem problema de pressão e diabetes, passou mal e desmaiou.

A PM foi chamada e os envolvidos levados para prestar depoimento na Polícia Civil.

Eliana disse que vai levar o processo adiante por racismo e pela agressão física.

“Que sirva de exemplo. A gente não pode ser conivente e abaixar a cabeça”, desabafou Eliana.

“Nunca fui maltratado e desrespeitado pela cor da nossa pele. Nós somos sete funcionários negros e a empresa vê é a qualidade do nosso trabalho. A empresa não olha a cor da nossa pele. Racismo é uma coisa que dói na alma”, disse Eliezer.

De acordo com a Assembleia Legislativa de Belo Horizonte (ALMG), Thiago foi nomeado para trabalhar no gabinete do deputado estadual Doorgal Andrada (PATRI) em 2 de fevereiro, mas foi exonerado dia 8 do mesmo mês.

Versão de Thiago

Thiago alega ter sido agredido pelos funcionários do restaurante — Foto: Arquivo pessoal

De acordo com a versão de Thiago Dayrell no BO, ele chegou ao local com a namorada no restaurante, pediu uma cerveja e uma refeição. O tempo estimado para a comida ficar pronta seria de 10 minutos.

Passado esse tempo, ele teria questionado quanto tempo o pedido demoraria e foi informado que seriam outros 20 minutos.

Thiago, então, teria pedido ao garçom que fechasse a conta porque não iria aguardar.

Quando chegou ao caixa para pagar, teria dito a um garçom “que o atendimento era ridículo”. O funcionário teria respondido “vai se f****, seu m****”.

Segundo Thiago, o garçom teria puxado-o pelo braço e colocado-o para fora do restaurante, com socos, chutes e com um empurrão, que o derrubou no chão.

A namorada pediu para que a briga parasse e eles conseguiram deixar o local. Thiago foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Sul.

O que diz o restaurante Takos

Em nota, o Takos Mexican Bar informou que repudia toda e qualquer forma de preconceito, como o racismo, além de desrespeito ou violência.

A empresa esclareceu, ainda, que está aguardando a apuração da polícia sobre o caso e colaborando com as informações necessárias.

O que diz o MBL em BH

O G1 entrou em contato com MBL em Belo Horizonte e, até a publicação desta reportagem, não havia obtido retorno. De acordo com Ivan Gunther, o MBL se manifestaria nas redes sociais.

À tarde, o MBL afirmou, no Twitter, que a cozinheira teria mentido e que não houve injúria racial. “Quatro funcionários espancaram o Thiago no meio do bate-boca, inclusive batendo com cadeiras na cabeça dele. Quando ele procurou a polícia, inventaram a história da injúria racial”.

Ainda segundo o movimento, Thiago processará os funcionários do restaurante por lesão corporal e denunciação caluniosa.

“Se provarem o contrário, Thiago será expulso do movimento”, disse o MBL na rede social.

Íntegra da nota da defesa do Thiago Dayrell

  • O Sr. Thiago não promoveu qualquer injúria racial ou agressão física a qualquer funcionário do estabelecimento Takos
  • Na oportunidade, ao queixar -se do péssimo atendimento e da demora solicitou o cancelamento do pedido;
  • Os funcionários passaram a hostiliza-lo e ameaça-lo;
  • Ainda assim, buscou o pagamento do que havia bebido, ocasião em que foi jogado para fora do estabelecimento sob empurrões e socos;
  • Do lado de fora, os funcionários do local passaram a espanca-lo, com chutes, socos e cadeiras;
  • Que os agressores ao serem inquiridos pela polícia inventaram a injúria racial como desculpa para as absurdas e covardes agressões perpetradas;
  • Que o Sr. Thiago forneceu à polícia e ao público gravações que comprovam o início das agressões e solicitará ao Poder Público imagens do sistema de câmeras.
  • O Sr. Thiago adotará as medidas legais para que todos os agressores sejam punidos por denunciação caluniosa, lesão corporal e, posteriormente, danos morais, lucros cessantes e danos emergentes;
  • O Sr. Thiago repudia veementemente as mentiras que foram faladas pelos funcionários do takos e vai provar a verdade com as câmeras do olho vivo
  • O Sr Thiago foi submetido a exame de corpo de delito no IML e o laudo comprovará as agressões sofridas por ele.

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