Integrante da equipe de transição do governo Lula 3.0, o advogado e ex-deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) já defendeu segundo a colunista Malu Gaspar, do O Globo, “fechar o STF” e atacou o ministro Luís Roberto Barroso, a quem chamou de “frouxo de nariz empinado” e “fascistinha enrustido”.
Wadih Damous foi anunciado nesta quarta-feira (16) como um dos integrantes do congestionado núcleo Justiça e Segurança Pública, ao lado de outras 16 pessoas.
O movimentado grupo reúne nomes cotados para assumir o Ministério da Justiça (o senador eleito Flávio Dino), a chefia da Polícia Federal (o delegado Andrei Passos Rodrigues, responsável pela segurança de Lula) e para vagas que serão abertas no STF no próximo ano (os advogados Carol Proner, Cristiano Zanin e Pierpaolo Cruz Bottini).
Os ataques verbais contra Barroso foram publicados por Wadih Damous em sua conta pessoal no Twitter, em 31 de agosto de 2018, logo após o ministro, então vice-presidente do TSE, votar contra o registro de candidatura de Lula à Presidência da República.
Na época, Lula estava preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato, o que o enquadrou na Lei da Ficha Limpa, o tornou inelegível e o impediu de disputar as eleições contra Jair Bolsonaro.
O registro de Lula foi negado pelo placar de 6 a 1 em uma sessão que avançou madrugada adentro.
Naquele mesmo ano, Damous publicou um vídeo em sua página no Facebook em que também mirou o STF. A corte havia negado pedido de soltura de Lula na época.
“Nós temos de redesenhar o Poder Judiciário e o papel do Supremo Tribunal Federal. Tem de fechar o Supremo Tribunal Federal. Nós temos de criar uma Corte Constitucional de guarda exclusiva da Constituição e os seus membros detentores de mandato. Nós temos de evitar que gente como Barroso tenha o poder de ditar os rumos do processo eleitoral, de ditar os rumos da democracia brasileira”, esbravejou, em vídeo publicado em abril de 2018.
“Não foi para isso que essa turma foi colocada lá. Eu tenho alertado lá na Câmara dos Deputados: ou nós enquadramos essa turma ou essa turma vai enterrar de vez a democracia”, completou, num discurso que também seria adotado pela militância bolsonarista quatro anos depois.
Ex-presidente da OAB-RJ, Damous disputou uma cadeira na Câmara dos Deputados neste ano, mas obteve apenas 27.833 votos e não se elegeu.
Barroso vai presidir o STF em outubro do ano que vem, durante o primeiro ano de gestão do novo governo Lula. O ministro foi indicado à Corte pela então presidente Dilma Rousseff, em maio de 2013.
Procurada pela equipe da coluna, a assessoria de Lula informou que o presidente eleito “não comentará indicações individuais para os grupos de transição”.